BY: Estevao Valente Qualquer ser humano da raça negra africana, raça amarela asiática, raça branca europeia, tem fedor de corpo, o famoso cecê, ou catinga, ou sovaqueira, ou bodum, ou inhaca, ou B.O.: ‘body odor’, ou o odor corporal, o cheiro forte e desagradável de suor”, especialmente nas axilas, bem como o famoso chulé, “ mais precisamente podobromidrose, que é causado pelo suor excessivo na planta dos pés e agravada pela falta de higiene e produção de bactérias (Rosanis Damarisensis) e fungos diversos”.
No Brasil os brancos, os pardos ( mulatos, caboclos, cafuzos, ou seja, mestiços de negros), os negros, os indígenas, os amarelos, podem ter cecê e chulé.
A cantora Angela Maria era mulata, tinha o apelido de sapoti.
Não sei se essa fruta é cheirosa, mas entrou para o imaginário popular como tal.
Mulata cabocla tem cheiro “ do sol de verão no capim, de resto de chuva do mês de abril, tem cheiro de flor”, assim o compositor de “ Cheiro de Caboca das Raízes Caboclas”, se referiu a uma bela parda brasileira.
Um cheiro bom entra pelas narinas e a gente jamais se esquece.
Pode passar anos e anos, mas as lembranças daquele cheiro ficam em nossa alma
Sim...na alma.
Quem não se lembra do cheiro da casa de nossa avó?
Da comida de nosso infância?
Do perfume da primeira pessoa amada?
Quem?
Continuando..
Mulato é da cor do pecado.
Gilson Flores era mulato , era o meu pecado.
Eu gostava de meu namorado, o Celso, mas me completava mesmo quando trepava com o Gilson.
Com Gilson dentro de mim , eu ia nas nuvens.
Gozava sem meter a mão no pau e queria sempre mais e mais.
Eu adorava o Gilson Flores.
Seu sobrenome veio por causa do box de flores da família, e ele era um cravo que embelezava minha vida.
Enquanto a academia estava aberta, nos trepávamos no quarto do último andar.
Depois do fechamento da academia fazíamos amor ( realmente era amor) num cafofo de um amigo dele na rua Conde de Lages, na Glória.
Eu ia sacudindo no lotação Gloria-Leblon ansioso até não poder mais. Quanto o motorista era lento, eu gritava “anda depressa moleza” e o povo ria muito.
Um dia depois de uma monumental trepada , ele serio me falou:
“ Voce moraria comigo como casados?”
‘CLARO!!!’
“ Jura? Voce dá a sua palavra? Abandonava a casa de seus pais para morar comigo num subúrbio carioca?”
‘CLARO!!!’
“ Posso procurar casa?”
‘ Pode’.
Eu vi que ele não estava brincado e esperei a continuidade.
O telefone da minha casa tocou e a empregada falou que um tal Gilson queria falar comigo.
“ Voce tá livre?”
‘ Tou’.
“ Então vem encontrar comigo na Central. Encontrei a nossa casa”.
Sai correndo e encontrei com ele.
Fomos para Cascadura, um subúrbio do Rio.
Numa rua sem pavimentação tinha uma pequena casa precisando de reformas.
“ Essa casa é do primo Lourenço, casado com a prima de minha mãe Margarida, a velhota que me socorre quando estou sem grana.”
“Eu comi o primo Lourenço e ele para eu não contar nada a ninguém me dá uma mesada”.
“ Perguntei se ele tinha uma casa para alugar e ele me falou dessa aí”.
“ Vai descontar o aluguel da mesada para a prima Margarida não desconfiar, pois assim ele pode dizer que eu pago aluguel ”.
“ Vamos entrar???”
Entramos e a casa precisava de umas reforminhas, principalmente no banheiro.
“ Voce gostou da casa?”
“ Vou começar com dois amigos a reforma na semana que veem”.
‘Eu adorei. Não vejo a hora de morar com você aqui. Vou ser uma ótima dona de casa, juro’, falei rindo e dei-lhe um beijão.
Eu passei a viver para o dia de minha mudança.
Dona Floripes estava preocupada com uma funcionária que não aprecia a 4 dias e mandou o Gilson no Conjunto Habitacional dos Marítimos, na Rua da América, Gamboa, saber dela.
Quando Gilson entro no conjunto tinha dois vizinhos brigando.
Um sacou de um revolver e acertou um tiro no peito de Gilson.
Levaram ele para o Hospital Souza Aguiar, mas ele não resistiu.
No colégio diariamente tinha dos jornais.
O Jornal dos Sports de notícias esportivas famoso por suas páginas em cor-de-rosa e a Luta Democrática, um diário com notícias policiais, o 'jornal que sai sangue ao ser espremido'.
Quando a Luta chegou nas minhas mãos eu li a manchete em letras garrafais:
“Briga de vizinhos na Gamboa, inocente morto”.
E embaixo a foto de Gilson Flores.
Eu desmaiei e fui levando para enfermaria.
Chamaram meu pai, que me levou ao médico, que me deu calmantes, remédios, e recomendou repouso.
Meu pai chamou o Celso e pediu a ele para cuidar de mim enquanto eles, meus pais, trabalhavam, porque não confiava nas empregadas.
Celso cuidou de mim com esmero.
Deixou de ir ao seu curso.
Me dava os remédios na hora certa.
Chegava cedo e saia de meu lado tarde.
Me acarinhava.
Me beijava.
Me dava banho, mas não fazia sacanagem.
Eu fui melhorado.
Ele perguntou o que tinha havido.
‘Eu soube que vou repetir de ano, Meu pai vai ficar uma fera. Fiquei nervoso e desmaiei’.
“ Se depender de mim não vai não”.
Quando meus pais chegaram, Celso contou a eles.
Combinaram que ele ia intensificar minhas aulas particulares.
Eu passei e Celso era só alegria.
Passei a admira-lo mais ainda, mas minha alma ansiava por Gilson.
Até hoje sinto o cheiro de corpo de Gilson, aquele cheiro natural que me deixava louco, e olha que muitos anos são passados.
Contudo, a vida continuou e as lembranças até hoje me atormentam.
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