BY: MisteryonMcCormick CAPÍTULO DEZESSETE
Demônio Nas Costas
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Acordei ás 05h00min da manhã e não consegui mais pregar os olhos. Eu então me levantei e fui bem devagar até o quarto que eu tinha deixado meu pai e abri a porta. Ele estava desmaiado na cama do mesmo jeito que eu tinha colocado ele.
Eu desci as escadas e fui até a cozinha e preparei algo para comer. No silencio da madrugada eu preparei torradas e leite e comi ouvindo o barulho dos grilos e os sapos.
Eu olhei para a sala e a TV e a mesa de centro continuavam lá destruídas. Depois que eu comi eu lavei tudo e peguei uma vassoura e juntei os cacos da mesa e joguei no lixo. Eu juntei os outros pedaços e coloquei em sacos grandes. Eu arranquei a TV da tomada e consegui levantá-la e leva-la para fora.
Eu então tirei o carpete e limpei todo o chão, o sofá, a estante da sala o raque e logo coloquei tudo de volta no seu devido lugar, quem não conhece o local não notaria que algo tinha acontecido.
Eu subi as escadas e fui para meu quarto tomar um banho. Depois que tomei o banho eu fui até a pia e abri o armário pegando remédios e curativos. Meu olho estava roxo, não estava mais inchado, mas havia alguns pequenos cortes perto da sobrancelha e do lado. Eu passei um remédio e fiz um curativo pequeno.
Eu me vesti e arrumei minha roupa na minha mochila e antes de sair fui até o quarto do meu pai e vi-o deitado na cama. Eu fui até ele e o cobri com um cobertor e apaguei a luz saindo. Ainda era 05h50min da manhã, mas mesmo assim eu já iria para o trabalho.
Eu fui calmamente sem pressa, coloquei os fones de ouvido e fui tentando parecer normal, pesar de todos ficarem em encarando. Marcas no pescoço e agora um olho roxo, as pessoas deviam pensar que eu fui espancado.
Cheguei à porta do trabalho ás 07h05min da manhã, ainda estava um pouco escuro e o sol começava a sair. Eu entrei no elevador e fui até o 5º andar que estava vazio e não tinha ninguém. Eu então fui até a sala com poltronas e puffs. Eu apaguei a luz e me sentei em um dos puffs, coloquei meu fone de ouvido e coloquei uma música no último volume. Eu fechei os olhos tentando relaxar e esquecer o que tinha acontecido, mas aquela cena vinha em flashes em minha mente.
Antes que eu percebesse, comecei a cochilar e não se por quanto tempo foi, mas eu acordei assustado com alguém acendendo a luz. Eu tirei os fones de ouvido e olhei para o meu celular era 07h50min.
- bom dia – falou uma voz.
- bom dia – falei olhando para o dono da voz. Era um dos estagiários.
- pode ficar me desculpa por ter acendido a luz – falou o rapaz.
- não tem problema, eu já tenho que ir de qualquer jeito, pra falar a verdade se você não tivesse entrado era bem capaz que eu me atrasasse.
Eu me despedi e logo fui até o elevador. Finalmente ele chegou ao 20º andar. Com sempre desarmei o alarme da sala de Adam e destranquei a porta preparando o local de trabalho. Logo trouxeram o café o suco e abasteceram o frigobar da sala dele com água.
Eu fui até meu computador, liguei e logo vi um e-mail de Adam.
No e-mail ele avisava a todos que as entrevistas teriam inicio no dia de hoje e que todos deveriam comparecer.
- que ótimo – falei – logo hoje todos têm que estar aqui, especialmente Fritz – falei pra mim mesmo.
Antes que eu terminasse de falar eu vi o elevador chegando, eu então dei um pulo e me abaixei como se procurasse algo em baixo no balcão.
- bom dia – falou Adam.
- bom dia – respondi abaixado.
Esperei ele entrar na sala dele e logo me levantei e continuei trabalhando. Recebi um e-mail de Steve pagando um sapo de um serviço que eu tinha feito mal feito. Um e-mail de Vanessa pedindo por e-mail os papéis de um caso de pensão alimentícia em que ela era advogada.
Eu estava providenciando os papéis e estava de costas digitalizando os documentos quando ouvi o barulho do elevador, era tarde para que eu me abaixasse e apenas abaixei a cabeça e fiquei de costas.
- bom dia – falou Gray vindo até o balcão.
- bom dia – falei de costas.
- Adam já chegou? – perguntou ele.
- sim.
Ele então entrou na sala dele. Assim que terminei de digitalizar os papeis o elevador chegou novamente ao andar e eu deixei os papeis caírem de propósito e me abaixei para pegar. Ouvi várias vozes.
- bom dia – falou Steve entrando na sala.
- bom dia – falou Vanessa seguindo ele.
- bom dia Mike – falou Xavier vindo ao balcão – você pode me dar um papel de rascunho. Eu peguei um papel na gaveta e entreguei pra ele ainda abaixado.
Eu esperei um pouco e eu me sentei outra vez. Eu sabia que não poderia esconder o dia todo, mas poderia evitar perguntas o máximo que eu pudesse.
Depois de uns 10 minutos o elevador chegou novamente ao andar e eu fingi procurar algo na gaveta.
- bom dia – falou Fritz.
- bom dia – falei.
Eu vi por debaixo da mesa as pernas dele se aproximando.
“droga”. Pensei comigo mesmo.
- está tudo bem? – falou ele quase sussurrando – está tudo bem com seu pai?
- está sim – falei ainda abaixado.
- tudo bem – falou ele se afastando e entrando na sala de Adam.
Eu me levantei.
- ótimo, agora eu só preciso evitar na hora que saírem.
Eu continuei meu trabalho e logo o elevador chegou, um rapaz saiu de dentro.
- bom dia, eu estou aqui para uma entrevista.
- você pode se sentar e ficar aguardando que em breve você será chamado. Aceita algo para beber?
- não, obrigado.
Eu voltei ao trabalho e logo mais o elevador chegou dessa vez com uma moça.
- bom dia, eu tenho uma entrevista marcada com o Sr. Adam White.
- sim, ele vai entrevistar vocês logo mais, você pode aguardar – falei mostrando as poltronas que ficavam na parede ao lado da porta. – gostaria de algo para beber?
- água, por gentileza.
Eu peguei a água e entreguei para ela.
O relógio marcou 08h58min quando o elevador parou outra vez no andar. Dessa vez saiu duas moças e dois rapazes.
Eu expliquei que ficassem aguardando e logo o telefone tocou.
- Mike, alguém para a entrevista chegou?
- sim senhor, seis pessoas.
- excelente! Você pode pedir para que entrem de um em um.
- sim.
Eu então disse que um por um eles seriam entrevistados individualmente. Essa parte da entrevista durou cerca de 90 minutos, pois o último entrevistado saiu da sala ás 10h20min.
Eles aguardaram pro um bom tempo e logo o meu telefone tocou.
- Mike – falou Adam – você pedir que todos eles entrem, por favor.
- sim senhor.
- com licença – falei – Adam pede que todos vocês entrem por gentileza.
Eles entraram e depois de 10 minutos duas moças e um dos rapazes saiu e se despediram entrando no elevador.
Pouco tempo depois Adam me ligou outra vez.
- Mike, você poderia por gentileza vir aqui, vamos precisar de você.
- tudo bem – falei.
Eu esperava que não precisassem de mim, mas para meu azar eles me chamaram.
Eu me levantei da cadeira e dei a volta no balcão eu passei em frente á janela e consegui ver um pouco do meu reflexo. Eu estava horrível, mas pelo menos sabia que não me perguntariam nada na frente os candidatos.
Eu então respirei fundo e peguei na maçaneta girando ela. Eu abri a porta e todos olharam para mim. Todos os seis fizeram uma cara de espanto.
Eu andei em direção a ele.
- Mike – falou Adam – você poderia, por favor, dizer dois defeitos e duas qualidade que uma pessoa precisa ter para fazer seu trabalho?
- claro – falei.
Eu pensei por uns instantes.
- duas qualidades que a pessoa tem que possuir é: Confiança e Paciência. Se a pessoa não tiver essas qualidades ela não vai conseguir. A pessoa que for contratada vai saber sobre a vida pessoal de todos os cinco para quem você vai trabalhar – falei olhando para os candidatos sentados – e se vocês falarem uma agulha sequer para alguém sobre o que se passa na vida do outro vocês quebram essa confiança. Paciência vai ser exigida porque o seu chefe tem problemas. Se você acha que tem problemas, o seu chefe vai ter o triplo. Se um problema chegou a vocês, ele chegou ralo porque o pior foi filtrado pelo chefe e para vocês vai ser pior porque vocês vão ter que responder a cinco deles.
- e dois defeitos? – perguntou Adam.
- ser antissocial e ser social.
- como assim? – perguntou Adam.
- A pessoa precisa ser um pouco antissocial porque quando se faz o que eu faço você atrai muitos invejosos e interesseiros então quanto menos amigos tiver dentro dessa empresa nos andares de baixo, melhor, mas ao mesmo tempo você tem que ser uma pessoa social porque em certas situações vai ser exigido de você esse comportamento.
- estão ouvindo? – perguntou Adam para os candidatos, eu precisar que vocês tenham essas qualidades ou qualidades semelhantes a essas. – obrigado Mike – falou Adam.
- com licença – falei saindo da sala.
Eu voltei para minha mesa e não passou cinco minutos até que os três que estavam lá dentro saíssem e se despedissem.
- Mike, vem aqui por gentileza – falou Adam indo até a porta.
Eu entrei na sala e mais uma vez todos olharam pra mim.
- Mike nós temos esses três candidatos e eu queria que você olhasse as anotações que todos fizemos.
Eu me sentei e ele me mostrou a ficha de todos os três.
- o primeiro é Kennley Young, tem 25 anos, está no primeiro mês do curso de administração de empresas, ele já teve vários empregos, o mais recente foi como estagiário em uma imobiliária. Na entrevista individual ele disse que tem facilidade em aprender e suas duas qualidades são: honestidade e perseverança.
- boas qualidades – falei – e quais foram os defeitos?
- ele disse que é uma pessoa muito séria e às vezes isso é confundido com arrogância.
- ok – falei.
- Essa é Rachel Wood, 24 anos, não faz faculdade no momento, mas pretende fazer direito. Esse será seu primeiro emprego registrado, ela já trabalhou como recepcionista e vendedora com referências. Quando perguntei sobre as suas qualidades ela disse que tem muita lábia e que é uma pessoa confiante.
- ok – falei.
- o próximo e último se chama Paul Booth, 20 anos, nunca trabalhou, cursa economia na faculdade pública. Nunca trabalhou, ele disse que suas qualidades são: pontualidade e tenacidade.
- olha pra mim todos eles seriam ótimos para o cargo, fica na mão de vocês.
- eu tenho o mesmo problema do Adam – falou Xavier – não pode ser mulher. Minha esposa vai me matar se eu deixar vocês contratarem uma assistente do sexo feminino..
- eu sei que fui contratado sobre a mesma exigência, mas isso não seria preconceito? – perguntei.
- sim – falou Adam – vamos descarta-la, mas vou guardar o currículo dela na minha gaveta – falou Adam abrindo a gaveta e colocando o currículo lá.
- então ficamos com Paul Booth e Kennley Young – falou Adam.
- eu sinceramente gostei do Paul – falou Fritz.
- vamos agilizar? – perguntou Steve – todos gostaram dos dois não é? Então faz assim... quem gostou do Paul levanta a mão – falou Steve.
Vanessa e Fritz levantaram a mão.
- ótimo – falou Steve. – Gray, Xavier e eu gostamos mais do Kennley.
- então é isso – falou Adam – vamos contratar Kennley.
- tudo bem – falei me levantando.
- o que aconteceu com seu olho? – perguntou Adam me fazendo parar de andar.
- eu cai – falei me virando.
- caiu? – perguntou ele.
- foi, acredita? Eu fui entrar lá em casa com as luzes apagadas e acabei tropeçando e caindo com o olho bem na quina da mesa de centro.
- deve ter doido muito – falou Steve.
- muito – falei.
Eu então me virei e continuei andando e sai da sala. Depois de um tempo todos saíram e foram embora e o último a sair foi Fritz, e acho que foi propositadamente porque ele veio direto pra mim.
- seu olho está muito feio – falou Fritz.
- obrigado – falei.
- não é nesse sentido, está feio no sentido de que o machucado foi grave. Você teve sorte de não furar o olho.
- foi – falei.
- se quiser eu posso fazer um curativo pra você, de modo que não vá ficar cicatrizes.
- quero sim. Já não bastam as marcas no meu pescoço e a cicatriz na minha testa da queda.
- ok então. No horário de almoço eu venho para fazer o curativo.
- tudo bem – respondi.
Fritz entrou no elevador e se foi.
Adam estava esperando o elevador chegar.
- Mike, hoje na parte da tarde eu vou ligar para Kennley avisando que ele foi selecionado.
- tudo bem – falei.
O elevador chegou e quando a porta abriu Fritz saiu.
- olá Fritz – falou Adam – quer algo? Eu estou indo para o horário de almoço.
- na verdade, eu vim fazer um curativo no machucado do Mike – falou ele apontando.
- bem que está precisando – falou Adam – está começando a inchar – falou Adam.
- pois é eu até trouxe minha maleta – falou ele mostrando uma mala preta que ele carregava quando ia ver um paciente.
- tudo bem – falou Adam entrando no elevador – vocês já vão descer?
- se você estiver pronto, já podemos ir – falou Fritz.
- eu estou – falei desligando o computador.
Nós três entramos no elevador e ele fechou as portas.
- deve ter doído a queda – falou Adam.
- demais, eu achei que iria morrer – falei fazendo uma cara de repulsa em lembrar-se da cena.
Logo o elevador chegou no 5º andar e nós dois descemos e Adam se despediu.
- aonde podemos ficar sozinhos? – perguntou Fritz.
- no horário desses vai ser difícil, mas um lugar que não ter ninguém é no vestiário, as pessoas estão na copa, na sala de jogos ou na sala de descanso.
- vamos pra lá então – falou ele.
Nós entramos e alguns funcionários estavam sentados conversando. Eles pararam de conversar quando nós entramos eles ficaram olhando para meu olho roxo.
- boa tarde – falou Fritz.
Todos responderam e continuaram conversando, dessa vez em um tom mais baixo.
- prefere que eu fique sentado ou em pé?
- sentado – falou Fritz.
Eu me sentei e ele se sentou ao meu lado tentei ficar de frente para ele.
Ele tirou os curativos malfeitos que eu tinha colocado e logo pegou um algodão e colocou algum remédio nele. Eu me remexi um pouco quando ele colocou.
- ratinho, quando acontecer algo assim você pode me ligar eu vou te ver imediatamente.
- o que? – perguntei rindo.
- é sério pode me ligar qualquer hora.
- não é isso, você me chamou de que?
- ratinho, posso te chamar de ratinho? Um apelido carinhoso, você é Mickey Mouse...
- pode – falei rindo.
- é sério pode me ligar.
- tudo bem – respondi.
Enquanto ele terminava de fazer os curativos os funcionários saíram do vestiário.
- ratinho, posso te perguntar uma coisa?
- pode – respondi.
- me fala a verdade, eu sei que você não caiu de um uma mesa.
Eu senti um calafrio percorrer meu corpo.
- o que – falei rindo – foi sim, deixa de ser bobo.
- eu não sou bobo – falou Fritz – eu sou médico, eu conheço o machucado de uma agressão quando vejo um.
- desculpa – falei.
- não precisa de desculpar, eu quero que me fala quem te bateu? Foi seu pai?
Eu não respondi por alguns segundos, respire fundo e logo senti uma pontada na cabeça.
- foi – falei envergonhado.
- por quê? – perguntou ele – foi porque você saiu comigo?
- não. Ele bebeu um pouco além da conta e estava delirando, me confundiu com alguém e me bateu. Ele não teve a intenção.
- tem certeza? – perguntou Fritz finalizando o curativo.
- tenho. Foi sem querer, eu não disse nada porque se não todos iriam achar que era mentira e iria dar a maior confusão. Promete-me não contar pra ninguém?
- prometo – falou Fritz se aproximando e me dando um beijo na boca. Apenas um selinho e logo eu afastei.
- aqui não – falei me levantando.
- você vai fazer algo agora? – perguntou Fritz.
- só almoçar.
- eu preciso fazer algumas compras você poderia me fazer companhia.
- vai demorar muito?
- não, e se por acaso se atrasar um pouco não tem problema eu digo para Adam que você estava comigo me ajudando em algo.
- tudo bem – falei.
Nós então fomos para o supermercado e pegamos um carrinho de compras e ele começou a pegar as coisas.
- nossa é muita coisa.
- é sim – falou ele. – na verdade eu estou fazendo compras mais por você, eu não como em casa quando estou solteiro.
- que gracinha – falei segurando a mão dele por alguns segundos. Ele se aproximou e me deu um selinho. – posso considerar isso um convite?
Claro – falou ele.
- ótimo – respondi.
- qual você prefere? – perguntou ele me mostrando vários sabores de sucos.
- qualquer um – falei.
Enquanto comprávamos eu vi algumas coisas baratas e que faltavam na minha casa coloquei no carrinho.
Havia apenas uma pessoa finalizando as compras e seria a nossa vez e antes que chegasse nossa vez eu me lembrei de algo.
- Fritz, agora que eu me lembrei, vou no açougue pegar uma carne que meu pai adora para fazer um jantar para meu pai. Não vou demorar
- tudo bem – falou ele.
Eu então fui até o açougue e a fila estava gigante o jeito era esperar. Eu estava querendo fazer um jantar especial para meu pai, com certeza ele estaria sem graça quando chegasse em casa, mas não queria que ele se sentisse culpado.
A fila andava como uma lesma e eu já estava ficando sem paciência. Passou-se 20 minutos até que chegou minha vez. Eu pedi a carne e fui em direção ao caixa, mas Fritz não estava mais lá e nem as compras.
- meu deus, aonde está ele? Será que eu errei o caixa?
- booo! – falou Fritz me assustando.
- que susto, porque você saiu do caixa?
- já passei ás compras, vamos passar a carne que você pegou e já podemos ir.
- não era pra você passar a minha, eu iria passar separado.
- sério? – perguntou ele.
- claro, a fila estava gigante no açougue, mas não tem problema eu te dou o dinheiro.
- não precisa – falou ele.
- faço questão – falei entrando na fila do caixa rápido.
- é sério, não precisa – falou ele.
- nós vamos ficar o dia todo brigando por causa disso.
- tudo bem – falou ele parecendo um pouco desanimado.
Alguns segundos depois e eu resolvi perguntar.
- você achou mesmo que eu iria encher o carrinho com coisas pra mim e faria você pagar?
- posso te falar uma coisa? – perguntou ele. – eu tinha uma namorado que fazia isso. Todas as vezes que eu fazia compras, em qualquer lugar que fosse, supermercado, roupas... todas as vezes que ele ia comigo ele comprava um monte de coisas, ele não me pedia nem nada, mas colocava junto e no final eu pagava e ele nunca tocava no assunto. Eu acabei me acostumando a isso.
- nossa, eu nunca faria uma coisa dessas. – falei.
- pois é. Ele fazia.
Logo que paguei fomos para a casa dele e depois de colocar tudo pra dentro da casa ele pediu que a empregada que aparecia duas vezes por semana na casa dele guardasse as compras.
- falta 30 minutos pra acabar meu horário de almoço – falei.
- não se preocupa ratinho, nós vamos a um restaurante e nós comemos lá – falou ele.
Nós fomos ao restaurante e depois de comermos mais uma vez houve uma briga pois ele queria pagar a conta toda e eu não deixei e no final, dividimos.
Entramos no carro em direção á empresa e fomos conversando.
- Mike, quando algo assim acontecer quero que você me ligue imediatamente. – falou ele se referindo ao machucado.
- tudo bem – falei.
- não precisa ficar acanhado, qualquer coisa que precisar, carona, conselhos, até dinheiro. Não interessa o que precisar pode me ligar, eu sou seu namorado e quero que confie em mim.
- eu não gosto de incomodar, eu sempre fui muito independente nos meus relacionamentos.
- não é incomodo – falou ele pegando um cigarro e colocando na boca – acende pra mim? – perguntou ele.
Eu peguei o isqueiro e acendi. Ele deu um trago e assoprou a fumaça.
- pois é, qualquer coisa que precisar, eu estou aqui.
- tudo bem – respondi.
Logo chegamos à empresa e ele me deixou na porta e foi embora. Depois do expediente eu fui embora de taxi, para chegar mais rápido em casa, chegando lá meu pai não estava eu já fiquei um mais tranquilo, ele tinha ido trabalhar, então sua bebedeira já tinha passado.
Eu fiz o jantar e ouvi o barulho de um carro entrando na garagem por volta dás 20h26min. Eu esperei ele entrar pela porta da garagem, mas ele demorou um pouco e eu chamei por ele.
- pai? – falei.
Ele abriu a porta e apareceu. Ele estava com os olhos vermelhos.
- onde você estava? – perguntei. – estava bebendo? Veio dirigindo e bebendo?
- Mike... – falou ele se aproximando de mim e eu me afastei assustado. – não fica com medo de mim – falou ele. – me perdoa por ter te batido.
Ele se aproximou e o cheiro de bebida ficou forte no meu nariz.
- ta bom – falei me afastando.
- o que? Não posso te abraçar?
- o senhor está bêbado pai. eu fiz até um jantar para o senhor. Sua comida preferida.
Ele então foi até a mesa da cozinha aonde eu tinha arrumado para o jantar e empurrou tudo no chão quebrando os pratos e as colheres.
- que droga de jantar – falou ele alto – não posso nem abraçar meu filho nessa droga de casa.
Com medo me aproximei dele.
- se acalma pai.
Ele olhou pra mim e sua cara foi de confusão.
- quem fez isso no seu rosto – falou ele colocando o dedo no meu olho roxo.
- ninguém pai, esquece isso.
- QUEM FEZ ISSO COM VOCÊ! – falou ele agarrando meu braço e apertando.
- VOCÊ! – gritei – me solta.
Eu consegui me soltar. Eu me virei e subi as escadas e me tranquei no quarto. Eu não sabia o que estava acontecendo com meu pai. Ele estava realmente precisando de ajuda, um conselheiro, psicólogo, ele estava me assustando e me decepcionando. Sem jantar eu tomei um banho e fui dormir cedo ouvindo meu pai quebrando todo o andar de baixo.
Eu acordei ás 03h10min da madrugada. Estava silencioso. Eu me levantei e me sentei na cama. Eu limpei meus olhos que estava embasado e ardendo de tanto sono. Eu abri a porta e fui até o corredor e vi meu pai sentado escorado na parede com várias latas de bebidas caídas em volta dele. eu chutei as latas e tentei arrastar meu pai pelo chão, com muita dificuldade consegui arrastá-lo até o último quarto do corredor e levei uns 15 minutos para coloca-lo em cima da cama. Eu o cobri e logo sai fechando a porta.
Eu desci as escadas e levei um susto quando cheguei. Havia coisas quebradas por todos os lados. Ele tinha quebrado todos os copos e pratos da casa. Enfeites de porcelana que minha mãe tinha comprado estavam destruídos.
Eu abri a porta dos fundos e peguei uma vassoura e comecei a arrumar toda aquela bagunça. Eu juntei os cacos e acabei cortando minha mão direita. Começou a escorrer sangue e eu fui até a pia e coloquei a mão em água corrente.
- ainda bem que sou canhoto – falei apertando a mão para limpar a ferida e não ficassem pequenos cacos lá dentro.
Eu fui até o meu quarto e fiz um curativo na mão.
- Fritz vai me matar, mas eu não vou ligar pra ele uma hora dessas pra fazer um curativo na minha mão e além do mais, ele vai ver toda a bagunça que meu pai fez.
Eu comecei a limpar outra. Por sorte Pluto estava amarrado no fundo do quintal e não tinha sido machucado pelo meu pai. Eu peguei a comida que eu tinha feito espalhadas pelo chão, peguei as panelas que meu pai tinha jogado no chão e metade delas foi para o lixo, pois ele tinha amassado elas.
Eu limpei as paredes sujas de comida e logo percebi que o que estava sujo no chão era vômito porque o cheiro foi forte no meu nariz e eu quase vomitei por cima. Eu peguei uma mascara e coloquei no rosto de continuei limpando a cozinha.
Ás 04h27min eu terminei de limpar toda a casa. Até uma das janelas da sala meu pai tinha quebrado quando jogou um pesado enfeite da estante por ela. Minha mão começava a escorrer sangue e a arder.
- vou ligar para o Fritz. Vou falar que quebrei um copo – falei para mim mesmo.
Eu fui até o Pluto e troquei a água e coloquei comida para ele. Subi as escadas coloquei minha roupa na mochila e tudo o que precisava para o trabalho e sai de casa, tranquei a porta e sentei na calçada. Eu peguei o celular e liguei para o Fritz. Não demorou muito e ele atendeu com uma voz de sono.
- oi – falou ele.
- sou eu, Mike.
- ratinho, está tudo bem?
- está sim… é que... Eu não queria te incomodar, mas você disse que qualquer coisa podia te ligar... eu machuquei a mão, tem um corte enorme e está saindo muito sangue.
- aonde você está?
- em casa.
- daqui a 20 minutos eu chego.
- não vai correr.
- tudo bem – falou ele desligando o telefone.
Eu fiquei lá sentado vendo a escuridão da noite, a rua deserta e o céu com algumas estrelas lá no alto. Estava muito frio. Eu estava com os braços cruzados e a mochila no meu colo para me proteger do frio e depois de 20 minutos ouvi um carro ao longe. Era Fritz.
Eu me levantei e esperei ele estacionar. Ele abriu a porta do carro e saiu e veio até mim.
- calma – falei – foi só um corte.
- só um corte? – falou ele olhando minha mão de perto – o que você fez? Apertou o caco de vidro?
- eu bati a mão com um copo de vidro ontem a noite na hora do jantar e fiz um curativo qualquer e fui me deitar. Eu acordei agora de madrugada com a mão doendo e tive que te ligar.
- ontem à noite? – falou ele enrolando a minha mão no pano. Nós fomos para dentro do carro.
- foi.
- eu te disse que era pra me ligar quando precisasse de mim.
- me desculpa, mas é esse tipo de pessoa que eu sou, o tipo que não gosta de incomodar.
- incomodar? Se você precisa de mim é só me ligar.
- não vamos brigar por causa disso, minha mão está doendo muito.
- ok – falou ele – vamos pra minha casa, você vai precisar de pontos.
Ao chegarmos a casa dele ele deu pontos na minha mão e logo fez o curativo. Em todo esse tempo ele não disse uma palavra sequer.
- obrigado – falei quando ele terminou.
- de nada – falou ele se levantando e indo até o banheiro sem dizer uma palavra
- Fritz, me perdoa, eu já pedi desculpas.
- você devia ter ligado quando se machucou.
Eu olhei para o relógio do celular e era exatamente 05h39min.
- eu não sei mais o que dizer. Eu já pedi desculpas não sei o que falar.
Ele saiu do banheiro e se deitou na cama. Eu fiquei sentado olhando pra ele. Ele estava realmente chateado apenas porque eu não o chamei quando precisava dele. Eu não conseguia entender.
- não vou mais brigar por causa disso. Obrigado pelo curativo e já que está chateado comigo você pode voltar a dormir eu vou ficar lá em baixo esperando a hora passar até que eu possa me arrumar. – falei em levantando e indo até a porta.
- não vai não – falou ele.
- vou sim.
- vem aqui – falou ele esticando a mão e então eu fui até ele e segurei na mão dele. – desculpa.
- tudo bem – falei – dá próxima vez eu prometo que te ligo.
- deita aqui comigo, eu te levo até o trabalho, nós podemos sair daqui ás 07h45min que você ainda chega cedo.
- tudo bem – falei dando a volta na cama e deitando ao lado dele. Nós nos cobrimos e ele me fez virar de costas e fez conchinha comigo.
Eu fechei os olhos, eu não iria conseguir dormir outra vez, mas pelo menos descansaria meu corpo. Ele ficou beijando minha orelha e alisando meu peito e eu consegui cochilar um pouco.
Por volta dás 07h10min ele me acordou e eu me arrumei e como ele só iria para a empresa a tarde ele me levou e me deixou na porta. Eu fui até o 20º andar e quando cheguei lá havia um rapaz sentado.
- bom dia – falou ele se levantando. Era o candidato do dia anterior.
- olá, você é Kennley? – perguntei.
- sou sim. – falou ele.
- prazer, eu sou Mickey, mas pode me chamar de Mike.
- ok – falou ele.
- você pode ficar aguardando que Adam vai chegar em seguida e ele vai te passar algumas coisas e você já começa a treinar comigo.
Logo Adam chegou e levou Kennley para dentro da sala e conversou com ele. Kennley saiu e eu comecei a trina-lo. Eu passe i básico e disse que o restante ele iria aprender com o tempo e com a própria experiência.
Na hora do almoço eu o chamei para almoçar comigo já que era o primeiro dia dele. Antes de sairmos eu mostrei o 5º andar e tudo o que era oferecido para os funcionários. Logo após fomos a um restaurante. Ele estava animado para o primeiro dia. Ele era branco, o rosto lisinho e um Piercing no canto da boca e é claro que ele não usava no momento.
Durante a conversa eu comecei a perceber que ele é gay, os trejeitos, os assuntos. Ele foi se soltando mais e percebi que ele era afeminado, totalmente ao contrário de mim ele não era tão reservado, ele era claramente gay. Nós demos muita risada durante o horário de almoço. Logo eu confirmei que ela é realmente gay, não precisei dizer que era gay porque ele me perguntou e eu apenas confirmei.
Depois do almoço nós voltamos ao trabalho e Xavier, Vanessa, Steve, Fritz e Gray apareceram e todos eles tiveram uma reunião que durou quase a tarde toda.
Depois do expediente nós dois nos despedimos e eu fui para casa.
Ao chegar em casa vi meu pai deitado no sofá com uma garrafa vazia caída no chão. Ele tinha passado o dia todo bebendo. Eu não aguentava mais ver meu pai naquele estado e o pior de tudo é que eu não podia fazer nada. Eu não podia obriga-lo a nada. Como filho meu papel era aguentar e cuidar dele do mesmo jeito que eu sabia que ele iria cuidar de mim. Desta vez eu não tentei leva-lo para cima eu trouxe um cobertor e o cobri lá mesmo no sofá. Eu arrumei um lanche para mim e resolvi subir logo.
Eu naveguei um pouco na internet quando Fritz me ligou.
- oi ratinho.
- oi amor – falei atendendo.
- está tudo bem com você?
- está sim.
- e seu machucado dói como antes?
- não muito.
- que bom, qualquer coisa você me liga.
- eu ligo sim. Beijos.
- beijo – falou ele desligando.
No mais tardar eu me cansei e logo me deitei e mergulhei em meus sonhos.
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