BY: MisteryonMcCormick CAPÍTULO QUATORZE
Sem Luz
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Estava dentro à ambulância a caminho do hospital. Eu estava com a máscara de ar no rosto. Eu estava assustado por ir a um hospital, mas ao mesmo tempo eu sabia que precisava.
Meu pai estava ao meu lado segurando minha mão esquerda.
- você vai ficar bem – falou ele apertando minha mão.
Fritz estava do outro lado falando com os paramédicos sobre o que tinha acontecido. Eu não conseguia ouvir direito e não me importava muito, mas ouvi-os dizerem que Charley estava indo para o mesmo hospital em outra ambulância.
Eu estava assustado a ambulância às vezes fazia curvas com a velocidade muito rápida de modo que me dava à impressão de que eu iria cair.
Logo a ambulância parou e a porta se abriu e logo tiraram a maca. Vários médicos ficaram em volta de mim e a maca foi puxada para dentro da emergência.
- ele ficou 4 minutos e 17 segundos sem respirar – falou Fritz.
Assim que eu ouvi isso eu senti uma dor imensa no peito. Uma dor tão grande que eu não conseguia gritar e nem respirar. Eu tentava puxar o ar, mas não conseguia e logo tudo começou a ficar preto então eu senti algo como se fosse um murro no meu peito eu senti como se alguém me beijasse. Eu apaguei por alguns segundos e logo voltei a respirar.
Os médicos colocaram minha maca na emergência e colocaram remédios no meu soro e aos poucos fui ficando calmo e a agonia de estar amarrado foi diminuindo.
- espere lá fora – falou uma das enfermeiras para meu pai.
- você é o médico dele? – perguntou uma das enfermeiras?
- sim.
Mais uma vez ele explicou para a enfermeira o que tinha acontecido e ela disse que iria chamar a policia porque era obrigação do hospital chamar as policias nesses casos.
A emergência estava cheia, pessoas entrando e saindo, chegou uma mulher gritando. Eu começava a me sentir claustrofóbico outra vez. Eu não queria morrer. Não queria sofrer como minha mãe sofreu. Eu então tentei me mexer. Sem sucesso.
- fica calmo Mike – falou Fritz preenchendo meu papel no prontuário.
Logo alguém abriu a porta. Era um médico.
- o senhor é? – perguntou o médico que entrou.
- Dr. Kröhling – respondeu Fritz apertando a mão dele.
- Dr. Perry – respondeu ele.
Fritz começou a explicou meu estado de saúde para o médico.
- ele foi enforcado por mais ou menos 3 minutos. Ele ficou desacordado durante 1 minuto e 27 segundos, que eu marquei. Quando ele chegou teve uma parada cardiorrespiratória.
- e essa cicatriz na testa?
- ontem ele caiu da escada e ficou desacordado por quase 5 horas.
- porque ele não foi trazido ao hospital por causa da queda?
- ele tem Nosocomefobia.
O médico anotou algumas coisas na prancheta que segurava e logo veio até mim checar maus sinais vitais.
- podemos aproveitar que ele está aqui e fazer uma tomografia computadorizada no crânio – falou o médico.
Ele gritou para um dos residentes para que agendasse.
- o nome dele é Mickey? – perguntou Dr. Perry
- sim, mas pode chama-lo de Mike.
- Mike você está bem. Melhor do que eu – falou o médico – pode ficar tranquilo, nós vamos coloca-lo em um quarto para observação. Você vai precisar passar a noite aqui, você acha que consegue.
Algumas lágrimas escorriam no meu rosto, mas eu pisquei devagar e sinalizei positivamente com a cabeça.
Um enfermeiro veio e tirou a maca pra fora e levou aos quartos.
- coloque=o em um quarto particular.
- tudo bem – falou o enfermeiro.
- ele está bem? –perguntou meu pai.
- está sim, ele vai ficar em observação.
Logo entrou pela porta mais uma pessoa era Charley. Meu pai ficou olhando todos atendendo ele e Fritz bateu a mão no ombro do meu pai.
- esquece isso, preocupe-se com seu filho, vamos comigo dar entrada lá na recepção.
Meu pai apenas sinalizou com a cabeça e foi com Fritz.
Eu fui levado para um quarto e com ajuda do enfermeiro eu passei para uma cama. Eu ficava o tempo todo de olhos fechados, tinha medo de abrir e ter um surto.
Eu não sei por quanto tempo, mas só abri o olho quando ouvi a voz do meu pai.
- você está bem filho?
- estou – falei com a voz rouca.
- eu vou embora?
- amanhã. – falou Fritz entrando. – fica tranquilo você está em um quarto sozinho é só fechar a porta e isso não é um hospital é só um quarto. – falou Fritz fechando a porta – Imagine que está em um hotel.
Eu olhei para os lados e apertei minhas mãos e abri. Era bom poder mexer meus braços outra vez.
- eu vou parar de respirar de novo? – perguntei.
- não, eles já colocaram um remédio em você. – falou Fritz – fica calmo.
As horas passavam devagar. Nesse tempo eu fui levado para fazer a tomografia computadorizada, voltei. Meu pai ia até a sala de espera e dava noticias a cada meia hora de como eu estava para Denny, Adam, Xavier, Steve, Gray e Vanessa.
- você vai poder passar a noite comigo não é? – perguntei para meu pai.
- vou sim – falou ele.
Por mais que eu tentasse esquecer que aquilo era um hospital eu não estava totalmente confortável, mas quem nesse mundo se sente confortável em um hospital. Eu olhei no relógio e já era 23h13min.
Meu pai saiu do quarto para atualizar todos de que eu estava bem e Fritz veio ficar comigo no lugar dele.
Ele entrou no quarto, fechou a porta e ficou em pé enviando mensagens pelo celular.
- Fritz... – falei.
- sim? – falou ele olhando pra mim.
- você faz um favor pra mim?
- o que? – falou ele se aproximando de mim.
- se acontecer alguma coisa comigo essa noite você pede para o Denny destruir meu computador?
- tudo bem eu falo, mas não vai acontecer nada com você. Você já está melhor, sua respiração já está quase 100%, você só está rouco. Estamos aqui mesmo só por precaução, caso aconteça algo estamos no lugar certo.
Meu pai entrou no quarto e disse que todos desejaram melhoras e foram embora.
- vai ficar cicatriz? – perguntei.
- na sua testa? – perguntou Fritz.
- no meu pescoço – falei apontando para os curativos.
- sim – falou ele – ele pressionou forte seu pescoço suas unhas rasgaram seu pescoço, mas não via ser nada muito grande.
- ele me marcou – falei. – agora eu sou a vaca dele.
- vejo que seu senso de humor voltou – falou meu pai.
- como ele está? – perguntei.
- pelo amor de deus Mike, pra que você quer saber? – perguntou meu pai contrariado.
- só quero saber se ele morreu ou está vivo.
- não sei e não quero saber, se eu vê-lo eu não sei do que sou capaz de fazer.
- eu achei que a policia viria até mim.
- e vai – falou Fritz. Eles pegaram depoimentos de todos, agora eles estão falando com Charley e a família dele você será o próximo.
- eu quero descansar – falei – estou morrendo de sono.
Logo alguém bateu na porta. Era a polícia. Eles entraram no quarto e eu pedi para ficar sozinho com eles. Eu contei o que tinha acontecido. Não contei sobre as filmagens é claro, mas contei que ele tinha tentado me matar porque eu tentei terminar o namoro.
Depois de várias perguntas eles foram embora e meu pai e Fritz entraram outra vez.
- como foi?
- foi bem pai.
- você sabe por que ele fez isso? – perguntou meu pai.
- sim. Eu tentei terminar o namoro, mas ele não aceitou e disse que se ele não ia me ter ninguém mais teria, nem mesmo você.
- o que você sentiu enquanto ele te enforcava? – perguntou meu pai. – eu sei que é maldade te perguntar, mas eu queria saber como foi, você viu a luz no fim do túnel?
- não – respondi – só a escuridão. Sem luz no fim do túnel. Mas eu só desmaiei pai, foi com dormir.
Fritz disse que passaria a noite com meu pai e eu poderia dormir tranquilo. Aquilo foi música para meus ouvidos. Ele mal terminou de falar e eu me cobri e pedi que eles diminuíssem a luz para que eu dormisse. Eu fechei os olhos e tudo o que tinha acontecido nas últimas 48 horas passaram em minha mente como um flash. À noite com Adam, a descoberta do estupro, minha queda na escada e a tentativa de assassinato de Charley. Eu pensei nisso tudo e me rendendo ao cansaço logo cai no sono.
Quando viram que eu apaguei eles saíram do quarto devagar e foram para o corredor.
- não sei como te agradecer Fritz – falou meu pai – eu sei que pode parecer precipitado, mas fique tranquilo, pois eu te pagarei cada centavo.
- você não vai me pagar nada, porque não me deve nada – falou Fritz.
- não posso aceitar você está há quase dois dias apenas cuidando do Mike. Ficou o fim de semana todo com a gente eu preciso fazer algo para te agradecer.
- não precisa fazer nada.
- eu insisto. – falou meu pai – um jantar em agradecimento por tudo o que você e os outros fizeram por meu filho. Não ouse negar meu filho é o meu bem mais precioso e se não fossem vocês ele não estaria mais nesse mundo.
- vai ser uma honra – falou Fritz.
Eu não aguentava mais ficar em casa queria logo voltar ao trabalho, só não tinha voltado ainda por causa do meu pai. Ele tinha pedido folga no trabalho e semana toda então eu seria obrigado a ficar em casa toda aquela semana. Todo dia alguém me visitava, Denny todos os dias marcava presença e sempre trazia um filme para assistirmos juntos.
Na sexta-feira seria o jantar que meu pai ofereceu para todos como agradecimento pelo o que fizeram naquele final de semana conturbado. Na quinta-feira quem me visitou foi Gray. Ele chegou por volta dás 17:00 horas da tarde. Meu pai ofereceu algo para comer e beber, e ele aceitou apenas algo para comer.
- como você está? – perguntou Gray.
- estou ótimo.
- sabe, eu nem acredito que aquilo aconteceu. Foi tudo tão rápido e inesperado. As vezes eu acho que tudo não passou de um sonho.
- eu tenho vontade que seja. Seria tudo mais fácil. – falei.
- com certeza. – respondeu Gray.
- e então, já estão treinando meu substituto? – perguntei.
- que isso, seu lugar sempre estará lá. Estamos nos virando, decidimos não colocar ninguém no seu lugar. Preferimos ajudar uns aos outros.
- deve estar sendo difícil já que essa é a primeira semana do Fritz.
- mais ou menos. – falou Gray. – ele não tem a mesma responsabilidade que nós, mas em compensação tem um voto de peso em todas as decisões.
- coitado, as vezes fico pensando, nos conhecemos na sexta e no sábado ele já estava aqui de plantão comigo.
- ele é uma pessoa muito boa. Ele está preocupado com você, sempre liga para seu pai para saber como está, todos nós ligamos é claro.
- é bom saber que estou fazendo falta assim não me preocupo em perder o emprego.
Gray deu uma risada.
- posso te perguntar uma coisa? – falou Gray.
- claro.
- você viu Charley depois de tudo o que aconteceu? Ele está no hospital, em casa, preso?
Eu me aproximei e comecei a falar cochichando porque meu pai não aceitava eu nem tocar o nome dele.
- olha, pra te falar a verdade eu não sei de nada. Meu pai não quer que eu toque no assunto e se eu pego o telefone ele se senta ao meu lado pra saber com quem estou falando. Eu quero saber sobre ele não por que eu gosto dele, mas sim pra ficar mais tranquilo, ficarei mais calmo quando souber que ele não vai chegar perto de mim ou dele.
- eu vou procurar saber algo e eu te ligo avisando ok?
- obrigado.
Logo Gray se despediu e foi embora e disse que na sexta iria comparecer ao jantar.
Denny logo chegou e por volta dás 19h00min começamos a assistir a um filme. Nós três. O filme era de animação e ele conseguiu nos distrair por duas horas seguidas. O filme acabou e meu pai ligou para o restaurante de comida japonesa.
Ele foi até o quarto pegar o dinheiro e ficamos apenas eu e Denny.
- nossa eu sinto até uma coisa ruim quando seu pai vai ao quarto sozinho. Eu fico pensando no que aconteceu enquanto você estava desacordado. Ele quase comete uma besteira. – falou Denny.
- o que? Que besteira? – perguntei confuso.
- você não sabe? – perguntou Denny.
- não – respondi – me conta o que meu pai fez?
Denny ficou calado. Ele estava arrependido por ter tocado no assunto. Foi realmente uma mancada, mas eu estava curioso e queria saber que besteira meu pai tinha feito.
- agora você me conta Denny.
- eu não devia ter tocado nesse assunto.
- me conta agora – falei.
Ele ficou calado por uns instantes.
- seu pai vai ficar chateado por eu contar.
- não tem nada não, se não contar sou eu que vou ficar chateado.
- tudo bem – falou ele. – é o seguinte Mike. Quando seu pai viu você caído no chão sem respirar ele pensou que você tinha morrido. Ele então... entrou no quarto dele...
- e o que? – perguntei.
Ele abriu o cofre e pegou a arma, eu fui atrás dele e quando abri a porta ele estava com a arma apontada pra ele.
- meu pai ia se matar? – perguntei sentindo meu coração disparar na hora.
- PAAAI! PAI! – gritei alto.
- o que foi? – perguntou ele descendo as escadas.
- que história é essa pai? pode se livrar dessa arma.
- da minha arma? porque?
- o Denny me disse que você ia se matar quando pensou que eu estava morto.
Foi um silêncio total no ambiente.
- eu não ia me matar – falou meu pai.
- mas você estava com a arma apontada para si mesmo – falou Denny.
- você entendeu errado Denny. Eu não ia me matar eu ia matar Charley. Se meu filho ia morrer ele também iria morrer, mas eu fico agradecido por você ter chegado e me derrubado antes que eu fizesse uma besteira.
- assim eu fico mais tranquilo. – falei.
- posso te perguntar uma coisa agora filho?
- claro Paizão. – falei – faz tanto tempo que não te chamo de paizão.
- eu estava procurando a carteira e esbarrei na minha cômoda e sem querer encontrei essa câmera minúscula.
Eu gelei quando ele falou isso. Eu tinha me esquecido das câmeras. Esqueci-me de tirá-las.
- foi você que colocou? – perguntou ele com a cara desconfiada.
- não pai, é que... eu achei que...
- eu quero a verdade.
- eu pensei ter ouvido alguém andando a noite e pensei que o senhor fosse sonambulo.
- deixa eu ver as filmagens – falou ele.
- eu apaguei.
- porque? O intuito não era saber?
- agora que eu lembrei, eu não exclui, mas o computador está sem monitor eu ainda não comprei.
- não tem problema, mas quando comprar o monitor eu quero ver, pra falar a verdade vou amanhã bem cedo comprar um novo, eu até tinha me esquecido disso.
Ele se virou e foi para a cozinha.
- eu estou tremendo – falei mostrando a mão para Denny.
- Mike... eu estava pensando será que não é melhor você falar a verdade?
- tá ficando maluco Denny? Eu nunca vou contar isso pro meu pai. ele vai ficar arrasado.
- Mike se isso estivesse acontecendo comigo eu gostaria de saber, se você não me contasse aos meus olhos você apenas seria um cumplice.
O interfone tocou e meu pai foi até a porta pegar a pizza.
- eu não posso fazer isso Denny. Eu vou decepcioná-lo. Meu pai é um homem orgulhoso.
- você não pode ter certeza disso. Ele pode ser mais forte do que você imagina.
- não sei.
- pensa nisso – falou Denny – seu pai merece saber a verdade.
- eu não tenho coragem.
- verdade? – falou meu pai se aproximando com a pizza na mão. – eu preciso saber a verdade sobre o que Mike?
- não é nada pai – falei forçando um sorriso no rosto.
- você não me engana – falou meu pai – se você não contar eu vou forçar seu amigo a falar.
Eu fiquei olhando para ele colocando a pizza na mesa.
- você pode confiar em mim filho – falou ele se sentando ao meu lado.
Eu respirei fundo, era agora ou nunca.
- eu menti sobre as câmeras – falei.
- como assim? Você queria me ver... pelado?
- claro que não pai, pelo amor de deus, que coisa o senhor pensa...
- ainda bem... que susto.
Eu me levantei e peguei as câmeras da sala, a da cozinha e a outra câmera do quarto dele.
- pra que todas essas câmeras? – pergunto meu pai.
- vou deixar vocês a vontade – falou Denny saindo da sala e indo para a cozinha.
- e então filho, você mentiu sobre o que?
- o motivo de eu ter colocado essas câmeras.
- e qual foi?
Ele fiquei calado. Eu pensava em falar, mas não saia voz e antes que eu percebesse caiu uma lágrima do meu rosto e o que eu disse em seguida saiu mais como um pedido de desculpas do que uma confissão.
- me perdoa pai. – falei.
- pelo que?
Eu me ajoelhei no chão e fechei os olhos escorrendo lágrimas.
- me perdoa – falei entre soluços.
- levanta filho – falou ele ficando de pé e tentando fazer eu me levantar. – está partindo meu coração ver você assim. Fala o que aconteceu.
Eu me forcei a ficar no chão e ele tentava me levantar.
- me deixa pai – falei.
- me conta o que aconteceu? – perguntou ele nervoso e preocupado.
- o Charley te drogou e te estuprou. – falei de uma vez sentindo meu coração parar e meu cérebro congelar.
A expressão do meu pai foi de partir o coração de qualquer um. Ele simplesmente parou de se mover e seus olhos viajaram distantes e eu percebi que a ficha tinha caído.
- me perdoa pai – falei me abaixando e deitando a cabeça nos pés dele. – toda vez que vocês bebiam ele colocava drogas na sua bebida e logo te levava pra cima e transava com você.
- mas, como... eu não acordei...
- a culpa foi minha – falei – foi por isso que ele tentou me matar, eu disse que contaria tudo. Ele é apaixonado pro você pai. Ele tentou me matar para que vocês pudessem ficar juntos.
Ele não dizia nada. Pelo menos eu não entendia, ele estava confuso.
- a culpa foi minha pai, foi eu que trouxe esse homem pra nossa casa. O que aconteceu com você é culpa minha. – falei colocando as duas mão no meu coração e pedindo perdão para ele.
- se levanta – falou ele.
- me perdoa.
- SE LEVANTA AGORA! – gritou.
Eu me assustei e me levantei. Eu fechei os olhos ainda em prantos e esperei ser expulso ou levar uma surra, mas o que eu senti foram os braços do meu pai em volta de mim.
- a culpa não foi sua – falou ele me abraçando. – eu estou aqui filho, não chora mais.
- a culpa foi minha – falei abraçando ele.
Ele beijou meu rosto e continuou abraçado comigo.
- a culpa não foi de ninguém além de Charley.
Eu o apertei e me senti confortável em seus braços. Era como se todo o medo do mundo fosse embora.
- você não está arrependido agora? De ter me adotado? Se não fosse por mim...
- cala a boca – falou ele. – se disser mais uma palavra eu te bato até sair sangue, já te falei que não me arrependo de ter te adotado, você foi a maior alegria que eu tive na vida. Eu e sua mãe fomos muito felizes ao seu lado e você continua sendo o anjo dos meus olhos filho.
Abraçado ao meu pai eu chorei tudo o que tinha. Tudo o que sofri, tudo o que se passou na semana foi se acumulando dentro de mim e era como se eu tivesse tirando um peso de cima de mim.
Meu pai se sentou no sofá e eu sentei ao lado dele. Eu não tinha coragem de olhá-lo nos olhos.
- dorme com o paizão igual quando você era criança.
Ele me puxou e me fez deitar a cabeça no peito dele. eu fechei os olhos e dormi rapidamente. Eu me sentia melhor por ter contado tudo e finalmente dormi sem os pesadelos que me assombravam desde que eu tinha assistido as filmagens.
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