Paixão Secreta [01x06]


BY: MisteryonMcCormick CAPÍTULO SEIS
Flores E Chocolates
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Mais uma vez havia chegado à sexta-feira o dia do meu aniversário. Tudo tinha continuado do mesmo jeito, os estagiários não mais falavam de mim. As únicas pessoas que eu notei que tinham mudado comigo era Steve, que não me fez falta ou diferença alguma e Gray. Esse sim eu senti falta, ele não mais apertava minha mão e apenas acenava com a cabeça quando chegava no andar e não falava mais comigo a não ser o necessário. Como dizem: quando você sai do armário não são as pessoas que vão conhecer que realmente você é, mas você descobrir quem as pessoas realmente são. Se Gray era tão superficial eu não poderia julga-lo, apesar de ele estar me jugando, mas tudo bem eu estava lá para trabalhar e isso eu fazia muito bem.
Desde a quarta eu não parava de pensar na noite em que Adam e eu passamos na empresa. Eu me lembro das perguntas, do seu perfume, eu tento evitar, mas aquela noite não sai da minha mente. Logo fui tirado dos meus delírios com a voz dele.
- bom dia – falou Adam chegando à empresa e veio direto até mim.
- bom dia.
- Mike você me faz um favor?
- sim senhor.
- você poderia cancelar a passagem da Jenny?
- sim senhor – falei.
Ele ficou alguns segundos olhando pra mim e disse.
- eu quero que meu casamento dê certo. Eu tenho que tentar.
- eu apenas sinalizei com a cabeça e procurava pelo papel com o número da empresa.
- você tem alguém? – perguntou Adam. – tipo, um namorado? Ou “ficante”?
- um namorado, chama Charley – falei.
- você já o traiu? – perguntou Adam.
- não – respondi – e acredite quando digo que não foi por falta de oportunidade. Eu tive muitas, mas eu levo a sério.
- você está certo – falou Adam coçando a barba. – você reserva a sala de reuniões pra mim?
- qual o horário?
- dás 14h00min ás 17h00min, a sala que fica no 7º andar.
- ok.
- valeu – falou ele indo para a sala dele e entes que ele entrasse Gray, Steve e Vanessa chegaram.
- bom dia – falei e todos responderam e entraram na sala de Adam.
Eu comecei a ficar entretido com o meu serviço e liguei para a empresa e cancelei a passagem de “John”. Por volta dás 09h00min o elevador se abriu e de lá saiu um homem com uma caixa fechada e um buquê de flores azuis.
Ele veio até o balcão e colocou
- você pode receber? – perguntou o homem
- posso – falei olhando o nome do destinatário e o mesmo não tinha um nome, apenas uma carta selada escrito: “para você”.
Provavelmente foi o Adam que pediu para a esposa. Eu assinei e deixei do lado esquerdo da recepção e voltei a fazer meu trabalho. Eu reservei a sala de reuniões e liguei para uns clientes passando alguns recados que Adam tinha me informado. Logo a porta da sala se abriu e eles saíram.
- nossa de quem são essas flores? – perguntou Vanessa se aproximando e sentindo o cheiro.
- o Adam que encomendou. – eu disse isso e ele saiu da sala.
- Adam? As flores que você encomendou chegaram.
- que eu encomendei? – falou Adam vindo até o balcão. – eu não encomendei nada.
- eu pensei que fossem suas, pois não tem destinatário.
Ele pegou o envelope e abriu, nele tinha um papel dobrado ao meio.
- Mike não são pra mim, são para você. – falou Adam me entregando o papel dobrado.
- pra mim? – falei.
- alguém tem um admirador secreto – falou Vanessa. – alguma ocasião especial?]
- provavelmente porque causa do meu aniversário que é hoje. – falei.
Adam foi até Steve, Gray e o irmão para conversarem e eu e Vanessa ficamos no balcão.
Eu peguei a caixa e abri, tinha chocolates.
- quem me mandou isso não me conhece, porque eu odeio chocolate.
- leia o que está escrito, às vezes tenha alguma pista de quem te enviou – falou Vanessa.
Eu abri o papel e li em voz alta para que Vanessa Escutasse.
- “Mickey, espero que goste dos presentes, as flores e os chocolates. Talvez esteja confuso por esse presente, mas não se preocupe eu vou te explicar: Eu sei que você gosta de flores e te envio as rosas mais bonitas que encontrei. Mando rosas especificamente azuis porque elas não existem de verdade e precisam ser criadas, ou seja, assim como você não são naturais e normais”. – senti um frio percorrendo meu corpo quando li essa frase. Nesse momento Adam ouvindo o que eu tinha lido olhou para trás e Gray, Steve e Xavier também começaram a prestar atenção.
- como é que é? – perguntou Vanessa.
- “Assim como você essas flores são uma aberração e não deviam existir”. – eu olhei para eles e todos continuavam olhando atentos. – “sei que você odeia chocolate, mas eles devem ser ideais para tirar da sua boca o gosto de...” – eu nem consegui pronunciar as últimas palavras.
- quem te enviou isso? – perguntou Adam vindo até mim. Os outros o acompanhavam.
- eu não sei – falei olhando o remetente e não tinha nenhum nome. – Adam pegou o envelope da minha mão e olhou de todos os lados do envelope e na carta e confirmou que realmente não tinha nenhum nome ou endereço.
- quem teria todo esse trabalho para fazer uma brincadeira de tão mal gosto? – falei me sentando
- não coma esses chocolates, podem ter alguma coisa – falou Steve.
- não se preocupe eu odeio chocolates, não tem a mínima chance de eu comê-los. – eu abaixei a cabeça e fechei os olhos tentando pensar em uma pessoa, mas ninguém me vinha a mente.
- tem certeza que não sabe quem possa ter te enviado isso? – perguntou Adam.
- as únicas pessoas que sabem o dia do meu aniversário, que eu não como chocolate e que gosto de flores são: meu pai e meu namorado. Eles nunca fariam uma brincadeira dessas comigo.
- não tem mais ninguém? – perguntou Adam.
- você – falei.
- eu? – perguntou Adam.
- eu me lembro até hoje das perguntas que me fez na entrevista, perguntou as coisas que eu gostava e não gostava e eu tenho certeza que respondi flores e chocolate.
- eu nem me lembrava disso, todas essas informações ficaram anotadas na sua ficha. – falou Adam. – as fichas ficam no arquivo no 11º andar, são confidenciais, ninguém pode retirá-las a não ser um de nós vá retirar pessoalmente ou em casos extremos se nós autorizamos outras pessoas a retirar, geralmente com uma ligação ou algum documento assinado por um de nós cinco. – Adam falou isso e foi gradativamente abaixando o tom de voz a medida que foi entendendo o que ia dizendo.
“quem perderia tanto tempo e dinheiro para fazer uma brincadeira tão infeliz?” – pensei e logo veio uma suspeita.
- pode ter sido o Hunt – falei.
- o que eu demiti? –perguntou Adam.
- claro, ele pode ter lido minha ficha de alguma forma.
- eu vou ao arquivo e conferir se por acaso tem algum documento assinado autorizando a retirada. – ele foi até o elevador e logo desapareceu quando as portas se fecharam.
O telefone tocou e eu atendi.
- bom dia – falei.
- gostaria de falar com o Dr. White.
- Adam ou Xavier?
- Adam – falou a outra voz.
- ele não se encontra no momento, quer deixar algum recado?
- quero sim. Peça para ele ligar para o Dr. Leon Miller.
- ele já tem seu telefone eu imagino. – falei.
- tem sim – falou o homem – com quem eu estou falando?
- Mickey Fabray, eu sou assistente do Dr. Adam.
- ok Mickey, fico aguardando a ligação dele.
Eu desliguei o telefone e Xavier perguntou quem estava ao telefone e eu informei que era para Adam. Alguns minutos depois Adam apareceu com um papel na mão.
- você tinha razão Mickey. Alguém pegou sua ficha no dia em que eu demiti Hunt.
- quem assinou autorizando? – perguntou Vanessa
- Dr. Steve King – falou Adam.
- eu? – falou Steve pegando o papel – eu não assinei nenhum papel.
- ele falsificou sua assinatura – falou Adam – Está vendo? Ele cortou o “T” da esquerda para a direita e você corta o ”T” da direita para a esquerda.
- está resolvido então. – falei pegando o papel e olhando. – vocês não podem processá-lo por falsidade ideológica, ele não colocou o nome Hunt e sim Marco.
- isso não é problema – falou Adam – eu posso provar que foi ele quem escreveu inclusive esse bilhete. – falou Adam pegando e colocando os dois no balcão. – está vendo? O nome que ele colocou foi Marco Pablo Potter. Está vendo o contorno do “P” dos nomes Pablo e Potter? Ele tentou disfarçar o bilhete todo criando uma grafia diferente, mas na última palavra ele esqueceu. Está vendo? O “P” da palavra “porra” e “Pablo” são idênticos.
Eu fiquei sem graça quando ele disse à palavra que eu não tinha dito.
- vocês vão fazer algo?
- não – falou Adam. – ele já fez o que queria, e ele não vai conseguir indicação nossa e a partir de hoje só eu posso autorizar a retirada das fichas de todos os funcionários e toda solicitação que chegar será feita uma ligação para mim para confirmar a veracidade do documento.
- ótimo – falei pegando a caixa e jogando os bombons no lixo. – as flores eu deixei em cima do balcão.
- não vai jogar as flores fora? – perguntou Gray.
- eu gosto de flores azuis. – falei.
- porque você gosta tanto de flores? – perguntou Vanessa.
- por causa da minha mãe. – falei olhando as flores. – ela adorava flores azuis e toda a sexta-feira meu pai comprava um buque e quando chegava do trabalho ele tinha ele nas mãos e entregava para minha mãe. Quando ela faleceu meu pai nunca mais trouxe essas flores para casa e receber essas flores na sexta feira me fez ter lembranças, só que no futuro não vou mais lembrar da minha mãe quando eu ver flores azuis.
- deixa disso – falou Adam – pegando as flores e jogando no lixo – vou encomendar um buque gigante de flores azuis para você. Pra falar a verdade, nós vamos comemorar seu aniversário hoje quando acabar o expediente. Que tal? Vamos todos ao bar e restaurante que fica aqui em frente, ele é ótimo, um dos melhores da cidade de San Diego.
- não precisa – falei.
- eu estou dentro falou Xavier e em seguida Vanessa.
- está vendo? – falou Adam – não vai ser nenhum sacrifício, todos nós vamos.
- pode contar comigo – falou Steve e logo em seguida Gray falou, mas eu senti que ele ficou receoso em aceitar.
- tudo bem então.
Gray, Steve e Vanessa se despediram e foram até o 18º.
- se você quiser pode chamar seu pai, seu namorado, quem você quiser, vai ser tudo por minha conta. – falou Adam.
- não vou abusar.
- não vai ser abuso – falou Xavier rindo – aproveita que ele ofereceu e traga todos que conhece inclusive pessoas que você encontrar pelo caminho. – falou Xavier rindo e fazendo Adam rir também.
- você é nosso funcionário há quase cinco anos, considere isso uma comemoração de seu tempo conosco. – falou Adam.
- tudo bem então – falei.
Eles concordaram e entraram na sala e eu voltei ao trabalho. No horário do meu almoço que é dás 12h00min ás 14h00min eu liguei para meu pai e Charley avisando sobre a comemoração depois do meu trabalho e os dois confirmaram presença. Eu voltei do almoço e Adam ainda estava para o almoço. Eu peguei minha agenda e conferi algumas datas e alguns compromissos futuros, como uma audiência em que Adam iria representar uma empresa em um dos casos ambientais.
Ás 14h40min Adam chegou do almoço e veio até mim.
- eu trouxe isso para você – falou Adam colocando um vaso de vidro transparente com rosas Azuis em cima do balcão.
- são lindas – falei sentindo as flores na minha mão – você deve me achar muito gay – falei.
- que isso. Não precisa ter vergonha disso, se você gosta de algo, você gosta.
- não acha muito clichê? Um gay que gosta de flores?
- não. Você acha que uma pessoa negra deva ter vergonha de gostar de basquete, só porque ele é negro? – falou Adam.
- você e muito bom com as palavras. – falei.
- espero que tenha gostado. – falou.
- muito.
- o que? – falou Adam – eu não recebo nenhum abraço?
Eu estava envergonhado, mas eu dei a volta no balcão e fui até ele dando um abraço. Eu o abracei e ele deu uns tapas nas minhas costas de leve me desejando muitos anos de vida. Eu fechei os olhos e senti o perfume dele e apesar de nossos corpos não estarem juntos como eu queria eu aproveitei aquele momento. Sentindo a barba dele roçar no meu pescoço. Foi quando eu voltei á terra e o soltei ele de repente.
- obrigado – falei.
Ele então foi para a sala dele e eu voltei ao trabalho.
- eu não posso pensar nele dessa forma, eu tenho namorado, ele é meu chefe, hetero. Coisa boa não via sair disso. – falei baixo pra mim mesmo.


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