BY: victor-pass-sjc-sp CAPÍTULO 6 – Descobertas
Eu desci e dei de cara com ele no pé da escada.
_ Caio?
Ele tava pior que quando eu o vi pela última vez.
_ Vicente, nós podemos conversar no seu quarto?
_ Claro. Vem.
Nós entramos e eu fechei a porta, e ele foi e trancou-a a chave.
_ Eu acabei de descobrir uma coisa boa, mais ao mesmo tempo ruim...
Suas palavras eram cortadas por soluços. Seu peito forte subia e descia em profundas respirações. Eu que desde quando nós havíamos entrado no quarto permaneci em pé ao lado da porta, fui até a cama onde ele estava sentado e lhe dei um abraço quente. Ele apoiou sua cabeça no meu ombro, e chorou. Chorou todas as suas mágoas, todas as suas desilusões, todas suas preocupações, e quem o consolava com a compreensão de um amigo, um irmão, mais mesmo assim, eu me mantinha longe, afastado do corpo forte.
_ Caio, você está me deixando preocupado. Fala de uma vez.
Ele tentou, mais uma vez o choro irrompeu. Minha mãe que ouviu uma parte da conversa batendo a porta perguntou:
_ Meninos, tá tudo bem?
Com um gesto, Caio pediu pra falar que sim.
_ Sim, mãe. Não se preocupe.
_ Vicente, tá tudo bem mesmo?
_ sim. Mãe, nos deixe conversar por favor?
Eu a ouvi saindo do corredor e indo em direção à sala.
Os soluços que sacudiam o corpo dele irromperam. Mas desta vez, eles eram mais profundos.
Discretamente, eu pus a minha mão nas costas dele, imaginando que eu ia ser repelido no mesmo instante. Para minha surpresa e espanto, ele não fez nada.
Nesse momento, desisti de toda a farsa, e me juntei a ele em um abraço quente, apertado. Eu não podia acreditar que eu tinha o cara que eu amava mais que tudo na minha vida com o corpo apertado contra o meu peito. Acho que passamos quase uma hora naquela posição, quando ele parecia estar mais Calmo. Respirando fundo disse:
_ Eu acabei de ficar sabendo que ela não está grávida. Ela perdeu o bebê.
_ Bem, ao mesmo tempo é bom e ruim.
_ Foi isso que eu disse.
Ele estava saindo de casa, quando eu disse:
_ e vocês voltaram?
_ Não.
Assim que eu entrei em casa, minha mãe quis saber o que tinha acontecido no meu quarto. Eu disse que não era nada, que o Caio estava só desabafando, que ele só queria conversar, e ele veio aqui.
Uma semana depois, eu estava mais uma vez em minha casa quando ele entrou de novo, do mesmo jeito, mais dessa vez muito mais abalado.
Foi numa quinta-feira, ele chegou mais dessa vez a minha mãe estava saindo, e não deu tempo de ela ver nada.
Era mais uma das noites com a Gilda.
Mais uma vez nós fomos pro meu quarto, e mais uma vez ele trancou a porta.
_ Eu descobri mais uma coisa.
Dessa vez ele estava serio.
_ Ela realmente perdeu o bebê. Era verdade a gravidez.
_ E agora?
_ Eu não posso fazer mais nada. Filho não segura casamento.
Ele estava triste.
_ Vicente, você se importa se eu dormir aqui essa noite?
_ Não. Eu vô ficar sozinho mesmo...
Nós ficamos lá no meu quarto até o sono chegar.
Outra semana. Uma quarta dessa vez.
Outra chegada do caio.
Ele estava transtornado dessa vez. Ele tinha descoberto outra coisa:
_ O filho não era meu. Aquela desgraçada deu pra outro enquanto ela tava comigo, e engravidou.
_ Que merda cara!
Nós conversamos por mais um tempo, e ele me pediu uma roupa emprestada para poder tomar um banho. Eu dei uma cueca samba-canção minha, e ele foi tomar banho. Eu fiquei imaginando ele nu livre todo, só pro meu prazer.
Eu saí do quarto disfarçando a minha excitação, e fui pegar uma toalha limpa no armário que ficava no corredor.
Nesse mesmo momento, me vieram às perguntas que eu já me fazia por alguns dias:
“Eu estava certo ao encobrir? Eu estava certo em guardar segredo quando eu devia contar aos pais dele?”
Eu nunca fui de desconfiar do Caio, mais será que dessa vez ele não poderia estar mentindo? Quanto às drogas, será que ele realmente tinha usado uma única vez pra ver que graça tinha? Essas eram perguntas que vinham e iam sem resposta como quando elas tinham começado.
Não sei o que pensar...
O Caio nunca tinha dado motivos pra ter esse tipo de desconfiança.
De repente eu lembrei que ele tava sem toalha, e voltei ao quarto com uma toalha branca limpa nas mãos.
Eu bati de leve na porta do banheiro dizendo:
_ Caio, a toalha tá aqui na porta. Tá?
_ Entra e põe ela aqui, por favor.
Eu não sabia se naquela altura da história eu conseguiria vê-lo sem roupas e me controlar. Torcendo pra que ele tivesse de costas, e o vidro do boxe embaçado pelo vapor, eu entrei.
Felizmente e, infelizmente, eu não pude ver nada.
_ Tá pendurada aqui no gancho ta?
_ Valeu Vicente!
Eu saí, abafando os meus pensamentos.
Quando eu estava fechando a porta, ele abriu um pouco o boxe, e eu pude ver seu tórax, e também um sorriso travesso no rosto lindo dele.
Fechei mais rápido a porta e fui pro meu computador. Eu tinha que ouvir alguma música, tinha que mudar os meus pensamentos de foco. Tinha e mudei:
Ao me virar e olhar pelo quarto, eu vi que a roupa que eu tinha dado a ele, estava toda sobre a minha cama. Entrei em estado de choque. De dentro do banheiro já não se ouvia som de água mais, ele já tinha desligado o chuveiro.
_ Vicente, você tem alguma coisa pra gente tomar aí?
_ Tenho uma garrafa de Coca-Cola.
_ E outra coisa...
_ Caio, é uma quarta-feira! Nós temos aula amanhã.
_ Um gole não vai fazer nenhum mal...
_ Tenho uma cerveja na geladeira.
_ Demorou. Pega lá pra gente
Mais uma vez eu fui salvo pelo gongo. Saí do quarto e fui pegar a cerveja, e dois copos.
Subi as escadas devagar, acho que nem fiz barulho. Agora eu podia ouvir tocando no meu computador a música “Romaria” de Elis Regina, tocada no piano. Era muito engraçado como essa música tinha o efeito de me acalmar. Decidi tomar um copo de cerveja e fui me servir. Subi com o meu copo e o do Caio, e ao entrar no meu quarto...
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