BY: rafaduarte Por volta das 16:00, pela segunda vez naquele dia, acordei e percebi que Jonas não estava no quarto. Na minha cabeça, as coisas ainda estavam confusas, com a raiva, a vergonha e a culpa lutando bravamente para ver quem se encontrava mais forte. Eu estava com raiva pela forma bruta como Jonas havia me arrombado e me feito sentir dor, propositalmente ou não; com vergonha por ter acabado de me comportar feito uma puta perante meu melhor amigo (tá, talvez eu estivesse exagerando um pouco); e extremamente culpado por ter deixado as coisas chegarem àquele ponto, correndo o risco de ter acabado com uma amizade de infância.
Fiquei mais um tempo na cama, tentando evitar encará-lo onde quer que ele estivesse, até que por fim me levantei. Tomei um banho rápido e vesti uma cueca e um short daqueles de jogar futebol, que era o mesmo que Jonas vestia quando eu cheguei à cozinha.
- Achei que você não ia levantar mais- ele disse, assim que entrei. - Pensei que fosse acordar com fome e fiz uns ovos mexidos, mas você demorou tanto para vir que eles já devem estar frios.
Ele não me olhava nos olhos e parecia estar tão sem graça quanto eu, mas fora isso não dava para concluir muita coisa.
- Eu estou com um pouco de fome mesmo - respondi. - Mas como você sabia que eu estava acordado?
- Eu estava no quarto e você começou a se mexer na cama sem parar. Te conheço o suficiente pra saber que quando isso acontece você está prestes a acordar.
Fiquei me perguntando se isso significava que ele não havia deixado a cama depois que eu dormi sobre ele, mas é claro que não fiz questão de perguntar, apenas me sentei e aceitei os ovos.
Comi em silêncio enquanto ele me observava da mesma forma. Não que o clima estivesse de todo pesado, mas era claro que havia uma tensão no ar. Pelo canto do olho, eu podia ver que Jonas queria e tentava dizer algo, mas não conseguia.
- Você sabe que não precisa ficar aqui se não quiser, não é? - eu disse, quebrando o silêncio e resolvendo poupá-lo daquilo.
- Oi? Ah, não! Eu... eu quero ficar - ele respondeu. - Quer dizer, a não ser que você queira que eu vá.
- Não! Não foi isso que eu quis dizer. Pode... pode ficar.
Então continuei a comer em silêncio, e ele continuou parecendo querer dizer alguma coisa, até que por fim pigarreou, limpando a garganta, e gaguejou:
- Vo-você está bem?
- Bem, sim - respondi, estranhando a pergunta. - E você?
- Sim, mas... acho que você não entendeu. Eu... é... eu... quero dizer... es-está doendo?
No início eu não entendi o que Jonas quis dizer, mas o modo como ele ficou corado depois e a forma bem sútil com que apontou para minha bunda com o queixo me fizeram entender do que ele falava. A forma bruta com que ele havia me penetrado ainda me trazia um certo desconforto, e dependendo da forma como eu me movesse até doía um pouco, mas achei melhor não falar isso, e então respondi, ainda mais sem graça que ele:
- Ah, não... está... está tudo bem.
- Eu juro que eu não pensei que...
- Sério, está tudo bem - interrompi, mostrando que realmente não precisávamos falar daquilo. Pelo menos não sobre essa parte em específico, que era com o que ele estava preocupado.
Terminei de comer e nenhum de nós dois trocamos mais nenhuma palavra. Acho que passado o tesão, Jonas havia caído em si e as coisas que tinham acontecido na noite anterior e naquela manhã eram para ser esquecidas. Para mim, eu sabia que esquecer não seria tão fácil, porque se antes eu tinha alguma dúvida de que sentia algo a mais por meu melhor amigo, agora não restava mais.
- Que tal vermos um filme? - ele me convidou enquanto eu lavava as vasilhas, e prontamente aceitei.
Fomos para o meu quarto assistir como sempre fazíamos. Chegando lá, nos deparamos com minha cama completamente desarrumada e ainda com marcas do que havíamos feito mais cedo. Jonas desviou os olhos e foi ligar a TV, e eu corri para retirar os lençóis, que, pude notar, tinham até um resquício de porra seca do meu amigo que pelo visto eu havia deixado escapar. Joguei os lençóis no cesto de roupas sujas, mas pensando comigo mesmo que provavelmente eu nunca mais lavaria aquilo, e que ainda poderia me render umas boas punhetas.
Falei para ele escolher um filme e ele escolheu Truque de Mestre, que era um filme que eu amava e ele ainda não havia assistido. Nos sentamos lado a lado na cama e assim ficamos enquanto o filme passava. Em um dado momento, fiz um comentário sobre uma cena e Jonas mal me ouviu. Quando insisti no comentário, ele parecia nem saber do que eu estava falando e pude perceber que a cabeça dele não estava naquele filme.
Quando acabou, assistimos uns 5 episódios de The Big Bang Theory e depois ficamos até a noite vendo a série The Originals no meu notebook, até Jonas resolver ir tomar um banho. Quando saiu e se sentou na cama de novo, vestindo o mesmo short estilo jogador de futebol, perguntei o que ele queria fazer e ele disse que ia se deitar porque estava um pouco cansado.
-Ah, tudo bem. Pode ficar na cama, vou colocar um colchonte pra mim no chão - eu disse, me levantando da cama.
- É... não... não precisa - ele disse, segurando meu braço. - Não vou fazer você dormir no chão duas noites seguidas.
- Eu não ligo, é sério, eu até...
- Fica, Rafa - ele insistiu quando eu tentei levantar de novo, segurando de forma mais incisiva meu braço e olhando diretamente em meus olhos.
- Ah, tudo bem - aceitei, apesar de achar estranha aquela insistência. - Eu vou.. bem...vou apagar as luzes.
Então eu apaguei as luzes e me deitei ao lado de Jonas, ambos de costas um para o outro. Mesmo que eu estivesse com o mínimo de sono, o que não era o caso, não sei se eu conseguiria dormir com tantas coisas que passavam pela minha cabeça. Era impossível me deitar ao lado do meu melhor amigo na mesma cama em que havíamos feito o 69 mais gostoso que você poderia imaginar há apenas algumas horas e não ficar me lembrando do que havia acontecido, não quando eu ainda podia sentir o gosto dele em minha boca. Eu até tentei ignorar a presença dele ali, mas o perfume tão forte e gostoso que ele sempre fazia questão de usar até para dormir dominava meus sentidos e não me deixava pensar em mais nada.
Outra coisa que atrapalhava meus planos de ignorar o Jonas era o fato dele não parar de se revirar na cama, o que mostrava que ele claramente não estava conseguindo dormir, assim como eu. Será que ele também estava pensando em como ficaria nossa amizade dali em diante?
- Não está conseguindo dormir, não é? -eu disse, depois de um tempo - Se for por causa do calor, pode ligar o ventilador se quiser.
- Não, definitivamente não é o calor.
- Sabe que a casa é sua, né mano? Se quiser algo é só falar.
- Eu sei o que eu quero, esse é o problema - ele disse, depois de um tempo em silêncio.
- E por que isso seria um problema?
Até então continuávamos de costas um para o outro, mas nesse momento ele se virou de frente para mim e eu fiz o mesmo. Pela fraca luz que adentrava o quarto pela janela, pude ver que ele olhava para mim quando respondeu:
- Porque eu quero você.
E então veio mais um breve momento de silêncio, até que eu o quebrei:
- Eu... eu não entendi.
- Sim, você entendeu, porque eu sei que você também deve estar pensando no que a gente fez nessa cama.
- Eu... é... eu pensei que a gente ia deixar essa história de lado - falei, mais uma vez ficando sem graça, depois de ser pego de surpresa.
- Pois é, eu também pensei.
- Então, a gente não precisa falar...
- Eu preciso! - ele disse, e depois começou a falar de forma apressada, como se soubesse que ele não teria coragem de falar se parasse - Eu preciso porque eu não consigo pensar noutra coisa. Hoje de manhã quando eu acordei e lembrei do que a gente tinha feito ontem à noite, eu quis mais, é verdade, mas eu achava que era uma bobagem, curiosidade ou sei lá...
- E agora, o que você acha?
- Eu não sei, eu estou confuso, mas... eu sou homem, porra, como eu posso...
- Ei, eu também sou homem, tá legal! Não venha pensando que...
- Eu não estou pensando nada - ele me interrompeu. - Eu ainda te vejo como meu mano, meu parça, meu brother, mas...
- Mas...?
Então ele se aproximou mais de mim, tão perto que eu podia sentir sua respiração.
- Rafa, você sente algo por mim? Tipo, além de amidade?
Dessa vez ele falou de forma mais calma, mais baixo.
- Cara, vamos esquecer isso, tá legal? - eu disse, tentando manter a concentração com o rosto dele tão perto do meu.
Então ele chegou mais perto.
- Por favor, me fale a verdade - ele disse. Eu preciso saber se...
- Sim, Jonas, eu sinto, se era isso que queria ouvir. Mas, olha, não é nada demais, a gente não precisa...
E então ele me beijou. Começou como um beijo lento, suave. Com uma das mãos, Jonas segurava minha nuca, de forma firme, mas gentil, e eu joguei um de meus braços pela sua cintura. Aos poucos, fomos aumentando a intensidade. Sua língua invadiu minha boca com voracidade e sua mão escorregou pelas minhas costas nuas até chegar em meu calção, que ele ignorou, enfiando suas mãos dentro da minha cueca e apertando com força a minha bunda. Ele se deitou sobre mim e eu cruzei minhas pernas na sua cintura, sentindo que o pau dele latejava dentro do seu calção enquanto eu arranhava suas costas. Com dificuldade, ele descolou sua boca da minha, mas apenas para beijar e dar chupadas em meu pescoço. Depois, começou a dar mordidas de leve no lóbulo da minha orelha, e sussurou ofegante, me fazendo arrepiar:
- Eu... quero você. Eu... quero... fuder você.
- Tá esperando o quê? - perguntei, também ofegante.
- Não está sentindo mais dores?
- Não importa. Só me come... agora.
Galera, eu sei que esse conto não teve tanto erotismo, mas garanto que compenso tudo na última parte do conto, que, aliás, já está publicada. É só dar uma chegada no meu perfil aqui e ler, se quiserem. Valeu e um abraço!
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