O senhor do carro verde


BY: jeanmarcos Era tempo de transições claras. A cada novidade trazida pela vida, descobria mais coisas sobre mim. Algumas, bem óbvias, derivavam de um passado recente. Outras, porém, apenas as intuía, pois diziam respeito aos desejos escondidos. Existindo como um fluxo de sensações, eu possuía a coragem dos ingênuos e dava-me às experiências. Mal acabara de entrar na universidade, ainda morava com a minha família e havíamos mudado para um bairro vizinho. Entretanto, mantinha os antigos amigos. Geralmente, nos fins de semana, encontrava-me com eles. Ficávamos na rua até tarde, mesmo que não tivéssemos nada a fazer. Depois, ia cada um para o seu lado. Eu voltava por uma movimentada avenida. Quase sempre a pé, pois, naquela época, o dinheiro do transporte fazia diferença em meu orçamento. Mas afora esta questão prática, detinha-me no prazer de prolongar a noite e desfrutar do fato de não ter mais hora marcada pra chegar em casa.

Em uma noite clara de outono, as luzes do cinema ainda estavam acesas. Sinal de que ainda era cedo. A brisa fria tornava a caminhada agradável. Eu podia então andar como quase sempre ando, distraído, pensando longe. Eis que um carro parou ao meu lado e o senhor que nele estava abordou-me: - Boa noite! Tudo bem? Está a fim de um programa? Fiquei surpreso, talvez mais pelo fato de ser retirado dos meus pensamentos, do que, propriamente, pelo conteúdo de suas palavras. No breve espaço de tempo que antecedeu minha resposta, pude apenas notar que se tratava de um carro verde escuro, com um senhor calvo e sorridente dentro. Respondi, sem pensar: - Oi cara, foi mal. Eu até transo com homens, mas não sou garoto de programa. Se você andar um pouco mais adiante, ali ficam alguns. Se não tiver ninguém, tem uma boate gay logo no final desta avenida. Um tanto surpreso, ele desculpou-se comigo, dizendo-me que não desejara ter dito o que eu entendera. Eu retruquei: - Sem problemas, não tenho nada contra garotos de programa e os caras que saem com eles.

Ele então arrancou devagar. Porém, um pouco mais adiante, parou novamente: - Você está indo pra casa? Respondi afirmativamente, dizendo-lhe que morava em um bairro próximo. Ele insistiu: - Eu posso leva-lo, sua casa é caminho para a minha, aceita uma carona? É apenas uma carona. Calculei que estivesse falando a verdade. Afinal, um homem que tinha um carro aparentemente tão caro, devia realmente morar no bairro mencionado. Mas o que para mim importava, é que ele parecia ser bacana. Eu aceitei a carona. Dentro do carro, dissemos um ao outro nossos nomes e apertamos as mãos. Chamava-se Luiz. Ele desculpou-se outra vez comigo e eu disse que não tinha problema.

A conversa fluiu rápido. Primeiro, quis saber de onde eu voltava. Depois, uma série de perguntas sobre a minha vida. Da minha parte, não perguntei muito sobre ele, já supondo que devia tratar-se de um homem casado, que buscava satisfazer os desejos em saídas furtivas. Não obstante, no decorrer da conversa, perguntou-me seu eu queria tomar uma saideira. Ao ouvir minha recusa, disse que também não estava mais para beber e que a proposta fora apenas para estender o momento. Sem muita explicação, o clima foi ficando cada vez melhor entre nós; uma mútua confiança parecia estar nascendo. Ao parar em frente ao prédio em que eu morava, pediu para fazer-me uma pergunta; a que assenti: - Você não quis transar comigo porque não gosta de coroas ou simplesmente porque não ficou com tesão?

Como gosto da coragem de quem expõe a própria fragilidade. Meu recente amigo seduzira-me naquele momento, justamente por fazer aquela pergunta. Entre risos, respondi: – Não, o homem com quem eu transei é bem mais velho que você. Não tem nada a ver. Eu transei com um padre, diretor do colégio em que estudei. Ele ficou muito animado com a revelação: - Um padre? Me conte como foi isso, pediu insistentemente. Após um breve silêncio, dispus-me a falar resumidamente, embora com alguns ornamentos, sabendo que isso agradá-lo-ia: - Pois bem, eu estava no vestiário, após uma aula de natação. Ascendi um cigarro, vesti a cueca e quando me preparava pra colocar as outras peças, fui surpreendido pelo Padre Joseph, um alemão grande, meio desengonçado, um pouco tímido. Embora ele fosse sempre carinhoso com os alunos, tinha a fama de ser enérgico, sobretudo, quando se tratava de zelar pela disciplina. Ele repreendeu-me: - Meu querido, você é um aluno veterano, e sabe muito bem que fumar é proibido. Passe em minha sala, vamos ver o que fazer. Eu estava tão preocupado com a possibilidade de ser denunciado em casa que mal percebi que aquele louro danado não tirava os olhos do que eu tinha entre as pernas.

Uma vez na sala da direção, ele trancou a porta. Após fazer alguns rodeios foi finalmente ao ponto que queria: - Vamos fazer o seguinte, agora teremos nossos segredos. Sempre fomos amigos e não será um incidente que irá estragar isso. Além do mais, você não é criança e pode decidir sobre seus atos. Ele proferiu essas palavras com a mão no meu pau. – Tudo bem? Com o rosto vermelho, ele perguntava-me. Não tive problema algum em concordar. Ao invés de tomar um vexatório esculacho dos meus pais, bastaria manter aquele segredo agradável. Padre Joseph adorava chupar-me e, muitas vezes, sorveu o meu leite. No começo, realmente transei com ele para tentar livrar-me da suposta ameaça. Mas pouco tempo depois, admiti que foi por puro prazer, e até aguardava com ansiedade os dias em era solicitado a comparecer na sala da direção. Eu gostava de ver-me em pé, com as calças abaixadas, tendo a bunda segurada com força por aquelas mãos rudes, enquanto era vorazmente sugado. E ao comentar com alguns de meus colegas, descobri que ele mantinha o mesmo tipo de segredo com vários deles. Sua popularidade entre os veteranos não era casual, e, ano após ano, recebia calorosas homenagens nas cerimônias de formatura.

Após terminar esta narração, que embora verídica, escamoteava a verdadeira transa que tivera anteriormente, eu e Luís caímos no riso. Vi que ele tentava disfarçar a visível excitação, tentando arrumar sob a calça o membro crescido. E em um tom meio sem graça, comentou: - Danado mesmo esse padre, cara de sorte! Contudo, ficamos sem assunto a partir de então. – Você quer ir embora mesmo, perguntou quase murmurando. Foi quando tomei uma de minhas inesperadas atitudes; sorrindo perguntei, mostrando uma intimidade que ainda não tínhamos: - Posso tirar seus óculos? Ele concordou com um gesto, talvez por querer ver até onde eu iria. Coloquei aqueles óculos de lentes grossas e um pouco escuras no console. E fiquei olhando aquele senhor; seus olhos estavam afundados pelas lentes, seu nariz marcado pelo aro metálico. Ele tinha um olhar míope e doce, uma expressão despida daquela aparência de senhor bem sucedido, que tão bem ficava naquele terno bem cortado. Aproximei-me dele até ouvir as nossas respirações. Beijei-o escandalosamente na boca como nunca antes beijara alguém. E fui plenamente correspondido.

- Agora somos os dois com os paus duros. Falei em um tom suave, porém, provocativo. Sua resposta foi direta: - Você se incomoda de ir a um motel com um homem? Já fez isso? Tomando consciência do que havia provocado, respondi: - Não. Não me incomodo. Nunca fui a um motel, mas tudo bem. E uma alegria incontida explodiu naquele carro. Ficamos escolhendo uma fita para ouvir no caminho. Depois a música tomou conta do ambiente, falávamos sobre ela e também sobre a paisagem que passava rapidamente pela janela. É incrível como as pessoas cheias de tesão encontram facilmente coisas em comum. Ele era velho, um pouco fora do padrão brasileiro. Eu era novo, vestia-me despojadamente, como um estudante calouro de um curso de artes. E concordávamos em um monte de coisas.

Naquele tempo, homem com homem na portaria do motel ainda causava um certo constrangimento; talvez mais à recepcionista do que a nós mesmos. Tão logo dentro do quarto, estávamos beijando na boca novamente. A propósito, nunca gostei de beijar, mas com o Luiz era beijo toda hora. Alegrava-me vê-lo rejuvenescer naquele ato. Além disso, havia o que hoje chamam química; seu hálito, assim como seus outros cheiros, agradava-me, e, certamente, ele gostava muito do meu. Então, em meio aos beijos e abraços, ele despiu-me uma primeira vez, deixando-me de cueca. E logo depois, pediu para que eu o aguardasse, enquanto ia ao banheiro. Ele repetiu esse ritual nas centenas de vezes que transamos. Nunca perguntei a ele o que fazia trancado no banheiro. Hoje suponho algumas possibilidades; talvez lavasse o reto, talvez tomasse alguma droga afrodisíaca, sei lá... De qualquer modo eu sempre tive uma enorme capacidade de intuí-lo, e, por isso, dispensava-o de perguntas indiscretas. E ele também era assim comigo.

Luiz saiu do banheiro vestido apenas com uma pequena cueca branca, feita de um tecido fino e sedoso, super cavada, como era a moda. A luz negra do quarto definia ainda mais o volume que ela mal encobria. Ele era magro e isso realçava o tamanho de seu membro. Seu peito pronunciado compensava a falta de uma maior massa muscular e nele os pelos brancos estavam coloridos pela iluminação. Provavelmente, praticava exercícios físicos. Entretanto, se eu tinha a mínima ilusão que reviveria com ele coisas que tivera com meu antigo parceiro, ela acabara-se naquele instante. Ele não se parecia com ninguém que eu conhecera. Mas vendo-o apenas de cueca meu pau pulsava.

Ele ficou na beira da cama e pediu para que eu sentasse em seu colo. Tínhamos o prazer comum de fazer as coisas descaradamente, de mostrar as intenções futuras. Ele queria que eu sentisse em minha bunda a rigidez de que estava tomado. Aconcheguei-me então, encaixando-me em cima de seu membro, tendo através dos tecidos finos, aquela forma roliça e grossa. Ele alisava-me nas costas, na bunda, no pescoço. E recebia de mim a contrapartida. Em silêncio, eu tocava-o nos mamilos crescidos, aliás, bem crescidos, como desses homens que fazem reposição hormonal. Isso proporcionava a nós dois um prazer único. Eu fazia questão de deixa-lo com os mamilos eriçados, brilhantes, sendo eles uma de suas atrações. Como ele fazia comigo, eu deliciava-me em descobrir no seu corpo maduro, tudo aquilo que em mim era diferente; e beijava sua cabeça calva, apalpava as rugas de seu rosto, seguindo-as com as pontas dos dedos, como alguém segue os traços de um desenho em relevo.

E ele entusiasmava-se cada vez mais com a lisura da minha pela bronzeada, esfregava-se em mim, sentido a minha falta de pelos e a tonicidade de meus músculos em franco desenvolvimento. E os beijos vinham um atrás de outro, os movimentos eram intensificados, até que rolamos na cama como dois machos cheios de virilidade, mas que queriam habitar o mesmo terreno juntos. Houve então um momento em que Luiz enlouqueceu; ele se pôs a chupar o meu corpo todo, com uma sede incomum. Ele não sabia como sorver-me a energia da juventude e eu alimentava a sua angústia, tocando-o em suas partes íntimas, enquanto me contorcia e reagia ao seu contato, demonstrando o meu ânimo e a minha aprovação às suas investidas.

Por um momento imobilizei-o de costas na cama. Fiquei olhando seu pau sob a cueca, vi a mancha que o líquido pré-ejaculatório formara. Ele ficou meio assustado, temendo que aquilo me causasse repulsa: - Esse líquido é normal, falou. Muitos homens o expelem quando estão excitados. Ele sempre deixava antever um certo receio de desagradar-me. Mas eu somente disse: - Tranquilo cara, isso só me dá mais tesão. Quero tirar sua cueca, tudo bem? Ele ficou entregue a mim. Toquei sua cintura com as duas mãos e desci aquela pequena peça de roupa o mais devagar que pude, fazendo-a escorrer por toda a extensão de suas pernas. Peguei em seu pau levemente, espalhando nele a humidade que brotara em sua ponta. Depois, simplesmente deitei. Ele entendeu que devia fazer o memo comigo.

Enquanto descobria a minha completa nudez, mal se continha. Percebia que ele procurava palavras, mas não as encontrava. Ele no fundo era tímido. E minha pele arrepiada o desafiava. Talvez não reconhecesse em si mesmo aqueles impulsos, aquela vontade de atirar-se no gozo, como se isso só existisse uma vez. Ele se controlou e tocou em meu pau duro, copiando-me os gestos anteriores. Eu tinha um prazer absurdo em mostrar-lhe que não temia aquelas novidades; algo perverso em mim, mas ao mesmo tempo muito amoroso. Que um homem velho goste de um jovem todo mundo acha normal. Mas que um jovem se delicie com um velho, ainda causa certo espanto. Todavia, quando a força de Eros é imperativa, tudo isso é mera convenção; e os amantes dizem apenas: - Fodas! E explodimos mais uma vez.

Rolamos na cama, abraçados, nus. Roçávamos nossos paus, esfregávamo-nos, e em nossos corpos brotava uma profusão de líquidos, estávamos úmidos. Entre um beijo e outro, ele me dava chupões no pescoço e eu me abaixava, chupava seus mamilos, e sentia que ele segurava minha bunda com força. E mais para seduzi-lo do que para adverti-lo, falei: - Sei que você está querendo me comer. Quando for fazer isso, vai devagar, tudo bem? Sou novo, não curto dor. Minhas palavras o excitaram mais ainda, como se isso fosse possível. Ele só murmurava: - Claro meu querido, temos todo tempo do mundo. E uma nova seção de chupões começava. E uma vez sentindo o gozo próximo, mudamos de posição.

Ficamos nos tocando, medindo nossos tamanhos, conhecendo nossas texturas. Desfrutávamos da liberdade de um pegar na pica do outro, de poder, sobretudo, gostar disso. E colocamo-nos invertidos na cama, prontos para um 69. Com uma das minhas mãos, peguei naquele saco longo, grande, aconchegando-o, colocando-o a disposição de minha língua, que experimentava sua rugosidade e a rigidez de seus arrepios; com a outra, brincava de fazer sua glande desaparecer e aparecer. Seu membro era grande, liso, grosso. Levei-o a minha boca, podendo confirmar o que já soubera por intermédio das mãos. E no outro lado, sentia a língua de Luiz tocar-me a entrada do ânus, as bolas... as dobras de minha virilha. Eu era percorrido por aquela carne molhada, quente, áspera e lisa. E em poucos minutos, meu pau, que estava duro e vermelho como uma rocha incandescente, adentrava completamente a boca do meu novo parceiro.

Eu e Luiz enroscamo-nos, de modo que cada um pode deter-se no sítio que lhe era de maior prazer. Os carinhos que trocávamos revestiam-se da força vital que provinha do desejo mais puro. Eu tinha a cintura dele presa entre meus braços. Não encontro palavras para descrever as características daquele membro que eu sugava avidamente. Não há nada além de coisas como dureza, lisura, rigidez e tudo mais que um pau gostoso possa ter. Mas enquanto desfrutava das sensações ora despertadas em minha boca, tinha o prazer de ver-me tocar o corpo que a mim estava disposto; minhas mãos frenéticas deslizavam nas coxas peludas daquele senhor, meus dedos adentravam abaixo de seu membro, até tocarem-no na entrada do ânus. E dominando-o eu podia sentir os seus cheiros naturais, que ele buscava bobamente disfarçar com perfumes exógenos.

E essas coisas que eu fazia nele, ele as reproduzia em mim, dando-lhes novas leituras. Eu estava imobilizado da cintura para baixo. Ele mantinha o domínio sobre minha bunda, e puxava-me para si, fazendo com que meu pau entrasse em sua garganta. Um dos seus dedos roçava-me a entrada do pequeno orifício que piscava entre minhas nádegas, a ponto de eu começar a sentir o trânsito da corrente de prazer que me percorria por de dentro e por fora, por trás e pela frente. E ao sentir isso, eu tomava seu pau entre as minhas duas mãos, para suga-lo devagar, deslizando-o boca adentro, tornando-o mais liso do que ele era. E sabendo que o gozo se aproximava, eu parava de chupá-lo momentaneamente, para esfregar o queixo em sua barriga, e cheirar sua virilha..., seu pau..., guardando na memória cada átomo de cheiro. E depois retornava a carga, tendo-o uma vez mais em minha boca, masturbando-o, enquanto sugava-o, extraindo da ponta de sua glande, gotas de líquido salgado e viscoso. E minhas bolas doíam deliciosamente, pressentindo o alívio para o tesão onipresente.

A barriga dele contraía-se e ele aumentava a urgência de suas carícias. E a única resposta possível para aquilo era explodir; mas eu me segurei, até que com a boca senti o fluxo de porra que passava no canal de seu membro. Ele fez um movimento involuntário, que eu não consegui deter. Aquele cano vergou-se pela força do próprio esguicho. Eu bebi o leite agridoce que recebi, enquanto, simultaneamente, esporrava na boca sedenta que parecia engolir-me todo. Gozamos juntos e mantivemo-nos naquela posição, completamente extasiados. E quase adormecidos percebemos que já se passavam as quatro horas da manhã.

A volta foi tão alegre quanto a ida. A cidade amanhecia e, contra a iminente luz do sol, os vultos dos prédios delineavam-se. Porém, na paisagem aberta, as luzes artificiais cintilavam, como se despedissem da noite encantada. Nenhum comentário sobre o que acabáramos de passar. Nenhum plano ou combinado. Tínhamos apenas a certeza que aquele encontro fora o primeiro de muitos. E sabíamos que faríamos todas as coisas que quiséssemos. Mas naquele momento, era só a plenitude merecida por quem tivera a coragem de entregar-se aos próprios desejos. Como antigos amigos, apenas nos dissemos: - Até logo. E quando acordei no outro dia, meu pau estava duro. Certamente, ele também acordara assim.

No sábado seguinte, um novo encontro. Como depois ocorreu em todas as outras vezes, não precisei andar dez metros naquela avenida para que ele passasse, independente do horário. Realmente o desejo promove coincidências. Era como se tivéssemos preparado os roteiros; trouxe-me, por exemplo, umas fitas sobre as quais comentara na semana anterior. E logo tomou o conhecido caminho, perguntando-me se eu queria parar em algum lugar ou se estava a fim de ir direto pro motel. Fiquei com a segunda opção. A música tocava na noite alegre e concordávamos que o Decameron do Pasolini realmente emocionava. Éramos assim, tínhamos facilidade em descobrir coisas que nos tornavam cúmplices. E aos poucos ensaiava dizer algo sobre a família; mas silenciava-se em seguida. Eu simplesmente dizia que o entendia. E acho que entendia mesmo, pois ele sentia-se aliviado, supondo que tivesse revelado algum segredo incômodo. Na verdade, sempre soubemos conversar sem palavras.

No motel, a mesma cena da primeira vez. Saiu do banheiro com uma de suas cuecas cavadas, o pau duro e um esperançoso sorriso. Vendo-o daquele jeito, avancei nele e caímos direto na cama. Ele gostava desses meus arroubos de virilidade e juventude. E entre beijos de perder o fôlego, ele enchia-me cada vez mais de chupões. Passei a ter marcas no pescoço frequentemente, o que despertava perguntas indiscretas de amigos e familiares. Mas eu nunca liguei para isso, e as minhas respostas sempre foram adequadas ao tipo de inquisidor. Assim, cedo descobri que o tesão era soberano sobre as convenções.

A paixão que certos senhores nutrem por um corpo jovem é comovente. Vez ou outra, Luiz abrandava suas investidas, para simplesmente dar-se ao deleite da observação e do tato. Naquela noite, percebendo esse seu intento, entreguei-me à sua curiosidade. Fiquei exposto na cama, dando-lhe o tempo que precisasse. Luiz demonstrava um apreço especial por minha pele. Era como se estudasse o modo correto de tocá-la, para melhor sentir sua textura lisa e até mesmo a cor. Ele encontrava com os dedos marcas ínfimas, mal vistas a olho nu, para então circunda-las, regozijando-se do achado. E essa procura minuciosa abrangia todas as minhas partes; o nariz, os lábios, os mamilos eriçados, o peito nu, o umbigo, os pelos finos da virilha, o membro em brasa, as coxas, as costas, a bunda, fazendo arrepiar a penugem dourada que esparsamente desenhava-me o rego.

Ao retirar minha cueca, teve-me vestido apenas com a marca branca da sunga. Seus olhos brilharam. Ficou então refazendo com os dedos o desenho daquela marca, para, então, voltar às carícias anteriores, tendo agora como instrumentos os lábios, a língua e o nariz. Porém, deteve-se onde o prazer costuma estar mais concentrado. Com o rosto entre as minhas pernas, ele lambia-me o ânus, o saco e o pau. Então, eu experimentei uma sensação de totalidade, naquele momento que foi para ele o início de um novo campo de explorações. Impulsionando-me com as mãos firmes, fez-me ficar de bruços. E pôde tocar-me à vontade. Abrindo a minha bunda, passou a lamber-me o cu, e eu estremeci ao sentir os milímetros de sua língua quente. Vendo-me estremecer, ele foi novamente da contemplação à loucura. Ele tensionava a língua dando-lhe a rigidez de um pênis. E com ela fodia-me na bunda, para em seguida lamber as minhas costas, chupar a minha nuca... e virar-me novamente, e beijar-me na boca. E mudava minha posição tantas outras vezes, posto que não sabia mais dar destino ao desejo que o consumia. Ele caiu ao meu lado, ofegante, não sei se para descansar ou se para evitar o gozo.
E foi a minha vez de nele procurar as coisas que eu queria saber. Desci vagarosamente sua pequena cueca gotejada de fluido pré-ejaculatório. Diferentemente de mim, ele era todo branco. Eu tocava-o como se fosse um massagista, deslizando minhas mãos com firmeza por todo o seu corpo. Eu fiquei hipnotizado ao ver ser pau pulsar, reagindo às minhas carícias. Massageei-o nos pés, nos joelhos, nas coxas peludas. Brinquei um pouco com seu saco, erguendo-o acima das pernas que o comprimiam. Masturbei-o lentamente. Passei minhas mãos em sua barriga, subindo, até alcançar seus mamilos crescidos. E com as pontas do indicador e do polegar torcia cada um deles levemente, fazendo-os crescer ainda mais. Luiz gemia e eu pegava fogo por dentro. E como ele fez comigo, virei-o de bruços. Sentei em cima dele de modo que nossas bundas ficassem coladas. E naquela posição, eu massageava suas costas retorcidas, enquanto ele murmurava: - Que delícia, ..., que presente.... Beijei-o na nuca e lambi vagarosamente suas costas, seu rego, sorvendo daquele senhor o perfume, para apenas poder sentir seu cheiro naturalmente doce.

Eu beijava sua bunda branca, fria, enquanto segurava-o na cintura. Não resisti à tentação; fiz meu nariz mergulhar entre suas nádegas, tornando-o um membro invasor que esgotava as defesas daquele macho em combate. E dominado pela loucura do desejo, chupei-o no cu, como se naquele orifício eu quisesse entrar inteiro. Luiz era liso naquelas partes, macio, gostosamente relaxado. Tranquilo, ele recebia meus carinhos intensos; e eu não me cansava de nele descobrir as diferenças, pois o quisera, não como espelho, mas como o outro diferente. Não saciado pela boca, esfregava agora meu pau latejante onde minha língua deixara úmido. Ele simplesmente esparramou-se pela cama, fazendo com que seu corpo me dissesse que ele estava como quem está ao que der e vier. Eu apenas disse: - Cara, .... meu tesão, meu gostoso! Ao que ele respondeu: - Vem, ..., pode vir!

Eu me estendi em cima de seu corpo deixando que meu peito liso sentisse os pelos de suas costas. Meu pau simplesmente deslizou para dentro dele, sendo engolido pelos músculos anais que o sugavam. Ouvi apenas um prolongado e profundo gemido. Luiz lamentou-se: - Desculpe meu querido, não consegui esperar você. Eu gozei. Tais palavras tiverem efeito instantâneo em mim; simplesmente movi minha bunda para trás, deixando meu pau na entrada daquele cu macio, para, com uma forte estocada, entrar completamente. Inundei-o com a porra que acumulara na semana, prolongando-lhe o gozo que ainda nele ecoava.

Mais uma vez não vimos a noite passar. Na volta para casa estávamos mais íntimos. Ele perguntou-me se eu gostara de comê-lo. – Claro que sim, muito, muito mesmo, e olha que eu não esperava fazer isso hoje, respondi enfaticamente. Ele apenas observou com certa sabedoria: - É bom deixar que as coisas aconteçam. E aconteceram mesmo; a cada semana, uma nova noite trazia resultados inesperados. Sempre éramos surpreendidos por nossos desejos. Entre nós não havia distinção entre preliminares e o ato mesmo. Talvez por isso perdíamos a medida do tempo. E logo ficamos habituados a zanzar pela noite de mãos dadas. Nada combinado, apenas desejado.

Eu e Luiz gostávamos de conversar sobre música, cinema e arte. Enquanto não estávamos transando, esse assunto dominava nossa convivência. Uma noite, meio constrangido, ele perguntou-me o que eu pensava do Roberto Carlos. Naquele tempo, esse era um nome polêmico, posto que em nosso meio, era comum falar mal dele. Porém, eu o surpreendi com uma de minhas opiniões desajustadas: - A meu ver, trata-se do melhor cantor brasileiro; é afinado, não ornamenta excessivamente as canções e tem um belo timbre. Ao ouvir tais palavras, Luiz pareceu aliviado. E passou a discorrer sobre a qualidade da poesia que as canções do Roberto Carlos traziam. E ficávamos assim, conversando entretidos, desfrutando da alegria de ter com quem concordar, até que, quase involuntariamente, separei a minha mão da dele, para pousá-la em sua coxa e tocar-lhe o membro um pouco entumecido, que avolumava o tecido fino de sua calça social. Após o silêncio da surpresa, ele murmurou: - Você quer hoje, meu amor? Eu disse sim com a cabeça.

Tínhamos a sensação de que a cidade estava maior do que de costume e o tempo mais longo. No motel, foi como sempre. Eu de cueca, esticada pelo pau duro que ela encobria, aguardava-o sair do banheiro. E eis que meu coroa estava diante de mim; olhar doce, sorriso esperançoso e aquele volume imenso sob a cuequinha cavada. Ele sentou na beira da cama, chamando-me com os braços abertos. Fui para o colo dele, ficamos encaixados e foram os beijos novamente. E quando paramos para respirar, joguei meu tronco e minhas mãos para traz, apoiando-as em suas coxas, para que ele me tocasse nos mamilos. E eu também beliscava delicadamente os dele. Luiz precisava destas carícias e talvez achasse que eu também precisasse. E depois ele passava a cara em meu peito, desfrutando de sua lisura e musculatura firme, enquanto eu beijava sua cabeça calva. E cada vez mais cheio de tesão ele apalpava os músculos dos meus braços e da minha bunda, como se quisesse testemunhar a presença viril daquele jovem que com ele topava tudo.

Cheguei um pouco para frente, ficando mais colado ainda naquela barriga flácida, sobre a qual tantas vezes esporrei. E intencionalmente, eu esparramava-me no colo de Luiz, reduzindo a distância entre o meu ânus e o membro que se aconchegava longitudinalmente entre as minhas nádegas. Nossas cuecas finas não eram capazes de reduzir as sensações daquele contato, pelo qual a forma da minha entrada traseira, adivinhava a forma do volume que iria penetra-la. E por um bom tempo ficamos daquele jeito; e estando tão próximos, podia ouvir os murmúrios de Luiz, sons monossilábicos que expressavam ternura, comovimento e prazer. Ouvindo aqueles sons, falei como se respondesse uma pergunta: - Cara, estou muito a fim, ... , estou com tesão; por mim, é agora.

Antes que ele respondesse qualquer coisa, saí de seu colo e sentei-me na beirada da cama. Ele entendeu tudo. Aproximou-se e parou diante de mim. Puxei-o mais para perto, e desci sua cueca lentamente. Quando seu pinto foi libertado, bateu em minha cara, tal o estado de sua dureza. Fiquei masturbando-o devagar, fazendo sua glande aparecer e desaparecer, como em outras vezes. E comecei a chupa-lo, mais para lubrifica-lo, do que propriamente para arrancar-lhe gemidos. Mas ele gemia. Eu segurava-o pelo saco, pela bunda e sorvia seu fluido salgado, enquanto recebia cafunés nos cabelos. Vendo que eu mesmo estava louco para gozar, interrompi a felação, ouvindo-o logo em seguida perguntar: - Você quer como? Eu respondi, com uma ponta de humor: - De quatro e sem dor, se possível.
Reservando a ele o prazer de tirar a minha cueca, fiquei de quatro. Diferente daquele senhor maluco que dá beijos que sugam a alma, ele veio calmo, paciente. E desceu minha cueca lentamente, deixando como que por descuido, que a ponta úmida de seu membro tocasse acidentalmente a minha bunda. E para aumentar meu delírio, senti sua respiração quente, e depois sua língua rígida e macia, relaxando a entrada do meu cu. E sem precisar olhar para trás, percebi que ele passava saliva no pau e apontava em direção do lugar a ser penetrado. E aquela glande redonda e grossa tocou-me, forçando a passagem. Ele tentou uma, duas... três, e na quarta vez entrou direto, rasgando-me por dentro, tocando-me em uma região por mim desconhecida. – Pronto meu amor, daqui pra frente você terá o prazer que procura.

Nós dois latejávamos. Eu chorava em silêncio, mas não queria interromper aquilo. Ele afastou-se um pouco para logo depois entrar. E seu ferro quente empurrava o limite interno de meu corpo. Eu movia-me todo no pulso daquele assédio. E pedi para que ele encostasse o saco em minha bunda; e ele o fez de forma tão generosa que senti a forma de suas bolas inchadas. Empinei a bunda para concentrar-me melhor naquele prazer que fazia-me esquecer a dor. Ele aumentava o ritmo lentamente, e consolava-me com seu carinho: - Está ficando bom meu querido? Quer mais? E eu, apesar da dor que sentia, o incentivava: - Então mete, vai.... pode meter, me fode gostoso...

E ele acelerou o ritmo das estocadas... agora eu reconhecia todo aquele corpo que ia e vinha ao encontro do meu. Suas mãos seguravam-me com força, mas não impediam que meu corpo se movesse ao ritmo e intensidade das estocadas que recebia. Aquele mastro liso e duro entrava e saia de dentro de mim, como se fosse moldado para meu reto. Sua barriga flácida explodia em meu rego. Eu era prazer por dentro e por fora. E pedia mais, e meu pedido fazia aumentar o volume de sua respiração ofegante. Eu jogava a bunda para trás, deliciando-me com o toque de sua virilha carnuda e a forma anelada de seus pelos pubianos. Ele então falou com urgência de quem iria explodir: - Goza meu amor, goza meu querido... E com o corpo mexendo a cada vez que era bombardeado eu respondia: - Mete, fode, me enche de porra... ai....ai....ai.... aaaaaiiiii .... E nossos gemidos misturaram-se, e, novamente aquele fluxo que nascia do fundo do meu cu ganhava o canal de meu membro, fazendo meu corpo espraiar-se. Gozei e nem vi ele caiu em cima de mim, gozando. Permanecemos naquela posição até que nossos paus amolecessem.

Estávamos plenos, curtindo os conhecidos caminhos e paisagens. Ele perguntou se havia me machucado; tranquilizei-o, e depois daquela noite um comeu o outro sempre que quis, ou melhor, sempre que não descobríamos prematuramente um outro modo do prazer que nos levasse ao gozo. Na rua, algumas pessoas iam para o trabalho. Algumas portas do comércio já estavam abertas, para nossa surpresa. As luzes da noite apagaram-se e um novo dia normal começara; todavia, não para nós que naquele momento víamos as coisas com mais renovado otimismo. Pois quando juntos, sentíamo-nos bem. E sempre foi assim.

Mas uma noite ele pareceu diferente. Um pouco emotivo, sugeriu que fôssemos a algum lugar antes de irmos para o motel; lembro-me das palavras que sumiam em sua boca: - Afinal, saímos a tanto tempo. Fomos para um mirante. Uma linda vista noturna da cidade, e nós dois de mãos dadas dentro do carro. Antes de irmos transar ele me fez um singelo pedido: - Nunca deixe de me chamar de “cara”? E assim tratei-o para sempre.




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