BY: Debraga A vontade de contar minha história sempre foi enorme. Mas nunca soube como começar, nem por onde começar. E ainda não sei. Contarei não da forma como aconteceu, mas de como me lembro.
Foi no dia de meu aniversário de dezessete anos.
Minha avó, com quem eu morava, fez questão de fazer uma festa de aniversário para mim. Disse que haveria uma grande possibilidade dela não estar na minha festa de dezoito anos. Lembro que discutimos muito sobre isso, mas para não contrariá-la, aceitei. Convidei todos os meus amigos da sala de aula. Colocamos uma mesa nos fundos de casa onde tinha um gramado o qual aparei um dia antes, e ali montamos uma bela mesa recheada de guloseimas para receber nossos convidados. A festa corria muito feliz até que perto da hora do almoço recebi visita do meu pai que morava com outra mulher numa cidade vizinha. Minha mãe faleceu no dia em que nasci. Chegou com um presente embrulhado em papel de presente com decoração infantil.
- To fazendo dezessete anos. – Falei indignado. – Só falta ser um carrinho pra criança.
Não era um carrinho. Foi meu primeiro lep top, como se chamava na época, muito tempo depois que passou a chamar-se not book. Senti que era um presente caro para compensar os anos de aniversários, os quais nem deu noticias. Mas o que marcou esse encontro não foi o lep top, mas sim, quem veio com ele na visita. Apresentou-me o garoto como sendo seu enteado. Já com a mão esticada e espalmada para um aperto. “Fernando. Mas pode me chamar de Nando.” Soltou um sorriso largo, mostrando os dentes brancos perfilados perfeitamente uniformes. Estava usando uma camiseta regata branca bem justa, e uma calça de moletom clara, mostrando seu corpo moreno e bem delineado, braços fortes e longos, peito definido com tanquinho, e pernas grossas bem torneadas, talvez pelos exercícios físicos em uma boa academia. Apertou minha mão com uma força maior do que a necessária, talvez para demonstrar sua masculinidade.
“Ae? Soh de boa?” – Perguntei retribuindo o sorriso e tentando dar um tom de masculinidade na voz, para não ficar muito por baixo talvez.
Apresentação feita fomos para a mesa. Sentei de um lado e Nando sentou do outro, mas ambos frente a frente. Eu não estava acostumado a ser olhado diretamente nos olhos, isso me deixou desconcertado, e Nando me olhava firme dentro dos olhos com a maior naturalidade. Cada vez que eu o olhava, ele estava me secando com aqueles olhos verdes contornado por uma sobrancelha negra e espessa. Trocamos poucas palavras enquanto almoçávamos. Algo sobre o lugar, algo sobre a festa talvez, não lembro bem. Tratei de dar atenção aos meus amigos do colégio até que todos fossem embora. Nando ficou por ali sempre me fitando como se eu fosse o único da festa. Quando meu pai e minha avó se recolheram para dentro de casa conversar, Nando se aproximou.
“Tem algum rio para pesca aqui perto?” Perguntou num tom despretensioso. “Rio não tem, mas temos um tanque de peixes logo ali abaixo.” Respondi tentando colocar naturalidade na voz, mesmo porque, senti uma segunda intenção naquela despretensão. Sem dizer palavras me encaminhei para o lago. Escutei seus passos firmes me acompanhando, foi assim que percebi que estava sendo seguido, pois não olhei para trás até chegar ao lago.
Meu avô antes de morrer havia trabalhado intensamente na construção do lago. Era um sonho perseguido por muito tempo e tornara-se a menina dos olhos dele. Morreu dias depois de o lago ter ficado pronto, mas podia-se ver em sua expressão dentro do caixão, que gostara do que tinha feito. Morreu feliz.
Á beira do lago sentamos num banco feito pelo meu avô com galhos secos, e retorcido de árvores cortadas no mato. Joguei na água um pequeno galho de madeira que tinha pego na vinda para ali. Minutos depois de estarmos fitando o galho na água, foi que ele falou. “Você vem sempre aqui?” – Perguntou diretamente. “Nem sempre.” – Meus olhos continuaram fixos no galho flutuando na água. “Lembro do meu avô, toda vez que venho aqui no lago, e sinto saudades dele.” – Respondi sem virar a cabeça. “Você gostava muito dele não é?” – Disse, colocando sua mão de dedos longos no meu queixo, e puxando em sua direção. ”Gosto ainda. Não é porque morreu que deixei de gostar.” – Respondi tentando disfarçar meu nervosismo. Lentamente Nando aproximou seus lábios dos meus e, beijou-me. Foi mais um chupão, em meus lábios do que propriamente dito um beijo. “Porque fez isso?” – Perguntei assustado, mas sem conseguir esconder que tinha gostado. Não respondeu nada e colocou uma das mãos por entre minhas pernas que estavam fechadas. Apertou numa pressão suficiente para me arrancar um gemido, não de dor, mas de prazer. Tentei afastar-me, mas num movimento hábil fui contido por uma de suas pernas que logo enlaçou se por cima das minhas, me deixando sem opção de um movimento em fuga. Segurou firme meu pescoço e cabeça com as duas mãos e desta vez caprichou no beijo, agora mais demorado.
Eu queria fugir, mas ao mesmo tempo não queria. Assustado, mas ao mesmo tempo deliciado. A sensação que estava sentindo naquele instante foi inebriante. Aquela língua enorme, rija, e quente passeava por dentro de minha boca com uma destreza tamanha, levando minhas lembranças para um lugar onde, nunca tinha estado pelo menos fisicamente. Passou a chupar minha língua como eu sempre fiz nas minhas fantasias sexuais. Sua mão direita de dedos longos, agora passeava em meu corpo por debaixo da camiseta, me apertando e acariciando na pressão ideal para um prazer inenarrável. De repente parou. Meu pau latejava de tão duro que estava. Quando aquela imensa mão experiente abracou meu pau por inteiro por cima da bermuda não aguentei. Gozei dentro da cueca, melando tanto que ele riu ao ver o sinal de molhado.
“gostou?” – Foi o que saiu de sua boca entre um sorriso safado. Nem esperou que eu respondesse, levantou e se afastou subindo em direção á casa. Eu fiquei ali, sentado sem reação, confuso, não sei por quanto tempo. Quando recobrei meus sentidos voltei para casa. Só encontrei minha avó sentada na varanda. Eles já tinham ido embora.
Encontrei Nando, exatamente um ano depois. Ele nunca saiu do meu pensamento.
Mas essa, já é outra história.
Tweet
Conto Anterior
Conferindo se era ruivo