BY: gabykiel “É macho!”, gritou a parteira que me tirou do útero materno, em 1982, no sertão de Pernambuco. Mainha, aos 17 anos, já no segundo filho. Meu pai, vaqueiro de poucas letras. O casamento não durou muito. Antes do meu sexto aniversário, mainha pegou minha irmã e arribou. Foi bater em São Paulo. Fiquei com família paterna, criado nas saias de minha avó.
Para decepção de painho, tinha medo de cavalo, de boi e até de galinha. Sonhava com os lugares que minha mãe contava nas cartas mensais, sempre acompanhadas de uma pequena quantia “pra ajudar nas despesas”. Os anos foram passando, o dinheiro foi aumentando, o que indicava que elas estavam numa situação confortável. Mesmo assim, jamais meu pai deixaria eu realizar meu sonho de ir encontrá-las. Continuava querendo fazer de mim um vaqueiro à sua imagem e semelhança. Mas eu não levava jeito pra coisa... gostava de ler, desenhar e até preferia costurar e bordar junto de minha vó do que me aventurar na sela de couro.
Veio a puberdade e, com ela, aquela curiosidade adolescente que todo mundo um dia teve. Naqueles tempos, no sertão, nem revista se via... televisão era coisa rara. A gente era uns tipinho besta, só conhecia o que os animais faziam. Meninas não davam confiança a moleques e nenhum tinha dinheiro nem audácia pra procurar quenga, então, o jeito era a gente ir descobrindo as coisas da vida entre nós mesmos. Tinha um colega, Juca, da minha idade, mas maior, rapaz feito... quando meu corpo começou a mudar, ele se achegou bastante, virou melhor amigo. Com a intimidade, começaram as brincadeiras cheias de malícia... era uma mão boba ali, uma cueca abaixada aqui... uma encoxadinha, essas coisas...
Certa tarde quente, nós dois banhando no riacho, um tentando empurrar o outro pra baixo dágua. Juca, mais forte, levava vantagem. Numa daquelas, me segurou por trás, a pretexto da lutinha, e foi ficando... o pau duro se insinuando entre minhas nádegas... só o tecido fino e molhado do calção separando.
– Ei, que é isso, tá me estranhando???
– Deixa ficar... tá gostoso... bundinha de muié...
– Sai pra lá, me solta...
Reclamava, mas não me mexia... até porque qualquer tentativa de me livrar só aumentava a pressão na minha bunda... sentia vergonha, medo que alguém passasse por ali e visse, mas, ao mesmo tempo, uma moleza no corpo, uns arrepios... o pau se esfregando, querendo entrar... era proibido, eu não era mulher...
Não era mulher, mas fui ficando quietinho, deixando Juca esfregar... só não deixei ele baixar o calção. Ainda assim, senti o gozo quente na minha bunda, se misturando à agua do riacho.
E sabe como é... depois da primeira vez, é difícil de parar. Ele gamou. Queria sempre mais. “Não sou mulher”, eu repetia, enquanto deixava ele me pegar por trás no riacho, no mato, no escurinho do meu quarto, onde me visitava após vovó dormir, quando painho estava em comitiva pelo sertão. Sempre dizia que, na próxima, seria minha vez. Eu sabia que era mentira, servia de desculpa pra mim também... Não demorou pra que eu permitisse baixar as calças... Juca esfregava o pau no meu rego e fazia força pra enfiar no meu cu... não entrava, mas me inundava com seu leitinho. Mas ele foi aprendendo... um pouquinho de saliva, menos força e mais jeito, o danado foi descobrindo o caminho... eu mordia a fronha pra abafar os gemidos. As primeiras vezes doíam muito, depois fui acostumando... nem reclamava mais, não perguntava quando seria minha vez, só me entregava. De bruços, rosto enfiado no travesseiro, bundinha empinada. Numa noite, gozei pela primeira vez.
Claro que quis mais. Provocava o Juca durante o dia e a noite virava sua mulher. Era bom... mas, sendo bom, durou pouco. Numa noite dessas, a gente dormiu depois de gozarmos juntos. Painho chegou de madrugadinha e nos pegou juntos na cama. Minha bunda ainda melada de porra. “Se pelo menos fosse o contrário”, ouvi ele dizer pra minha vó, depois da surra homérica que levei. Dias mais tarde, quando consegui ficar de pé novamente, ainda que por caminhos tortos, consegui o que queria: ir morar com mainha, em São Paulo.
(continua)
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